São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 2006

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Cidades podem ficar sem celular

ADRIANA MATTOS
ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A população de cidades pequenas pode ficar sem comunicação via celular a partir dos próximos dias. As operadoras de telefonia móvel planejam desligar as estações rádio base (espécies de torres de comunicação) que atendem as regiões em que estão as principais penitenciárias do Estado de São Paulo, apurou a Folha. Essa ação foi discutida pelo comando da Secretaria da Segurança Pública do Estado ontem, em reunião de uma hora com as principais empresas de telefonia móvel do país.
A medida está dentro de um plano de emergência que pretende limitar o uso de celulares nos presídios onde há rebeliões.
A secretaria irá pedir uma autorização para a Justiça paulista para que isso possa ser feito. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), órgão do governo que regula esse mercado, estava no encontro ontem em São Paulo e concorda com o procedimento.
O problema é que, em municípios pequenos, pouco populosos -onde há apenas uma estação rádio base por cidade-, o desligamento da estação atingirá todos os clientes. A Folha apurou que cidades como Potim (SP), com 13 mil habitantes e 44 quilômetros quadrados, e Reginópolis (SP), com 5.000 habitantes e 411 quilômetros quadrados -onde existem presídios- podem ficar sem sinal para celular. Franco da Rocha, na região metropolitana, também seria afetada.
Vivo, Claro, TIM, Embratel e Nextel estiveram no encontro ontem que discutiu essa medida. A Acel (Associação Nacional das Operadoras Celulares) esteve na reunião, mas informou que não iria se pronunciar.
Há uma série de impedimentos na operação. É preciso que todas as operadoras desliguem as estações que cobrem a área -cada empresa tem uma torre. Além disso, em cidades grandes, se uma estação de uma operadora é bloqueada, outra estação próxima, da mesma operadora, tende a cobrir aquele "buraco". O sinal será de má qualidade, mas a cobertura continuará a ser feita. Nesse caso, seria necessário desligar mais de uma estação. Estima-se que cada torre cubra um espaço de até cinco quilômetros quadrados.
Está afastada pela secretaria e operadoras a estratégia de bloquear o sistema por meio de aparelhos eletrônicos que são colocados dentro dos presídios. Esse bloqueadores teriam de ser comprados pelas operadoras e estima-se que a demora para a encomenda e instalação seria de 30 a 60 dias. O bloqueio de celulares dentro de presídios foi abandonado pelo governo de São Paulo. O sistema foi implantado em só 8 das 144 unidades prisionais no Estado e, mesmo assim, de forma parcial.


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