São Paulo, sábado, 16 de maio de 2009

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Não há prova de bebida, diz pai de deputado

Carli Filho se envolveu em acidente de carro que causou duas mortes em Curitiba; testemunhas dizem que ele estava embriagado

Exame de sangue ainda não foi divulgado; Fernando Carli, que é prefeito de Guarapuava, nega pressão política para abafar o caso

AFONSO BENITES
DA AGÊNCIA FOLHA

O pai do deputado estadual do Paraná Fernando Carli Filho (PSB), 26, envolvido em um acidente de carro que causou duas mortes em Curitiba, Fernando Carli, 59, afirma que não há "provas" de que o filho estava embriagado nem de que dirigia em alta velocidade no momento da colisão. "Temos que aguardar os laudos."
No último dia 7, o carro guiado pelo deputado, um Volkswagen Passat, colidiu com um Honda Fit ocupado por Gilmar Rafael Souza Yared, 26, e Carlos Murilo de Almeida, 20, no bairro Mossunguê, em Curitiba. Yared e Almeida morreram.
O pai do deputado diz que está sofrendo pelas três famílias: a dele e a das duas vítimas. "Meu coração está doendo três vezes mais." Diz ainda que pretende visitar as famílias das vítimas nos próximos dias.
A entrevista foi concedida à Folha no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde o filho está internado na UTI desde domingo. Ele foi submetido a uma cirurgia no rosto anteontem. Não há risco de morte.
O exame de sangue que pode atestar se Carli Filho estava embriagado no dia da batida ainda não foi divulgado.
O promotor Rodrigo Chemim Guimarães, designado pela Procuradoria Geral de Justiça do Paraná para acompanhar o caso, diz que as testemunhas ouvidas até agora afirmaram que ele estava embriagado.
Um garçom e o dono do restaurante onde ele estava antes do acidente, além de um motorista e de uma moradora da região que presenciaram a colisão, afirmaram que o deputado aparentava estar bêbado.
Um documento elaborado por um socorrista que esteve no local do acidente também aponta que Carli Filho estava com "hálito etílico".
Prefeito reeleito de Guarapuava (272 km de Curitiba), Fernando Carli (PP) nega ainda que tenha havido pressão política para abafar o caso. Um tio de Carli Filho também é deputado estadual: Plauto Miró (DEM). "Não pedi nada a ninguém. Quando meu filho entrou no hospital [Evangélico, em Curitiba, onde foi socorrido antes da transferência para São Paulo], estava sendo atendido como qualquer um, pelo SUS."
Segundo ele, "há um julgamento antecipado". "Gostaria que tudo fosse esclarecido, independentemente de ele ser deputado ou não."
Carli Filho estava com a carteira suspensa. Nos últimos seis anos, recebeu 130 pontos após 30 autuações de trânsito, sendo 23 por excesso de velocidade. O pai diz desconhecer a quantidade de multas aplicadas contra seu filho. Mas, segundo ele, funcionários do gabinete de Carli Filho também utilizam o carro durante o expediente.


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