São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011

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Balada guiada

Excursão com cerveja de graça arrasta turistas estrangeiros e até paulistanos por bares e casas noturnas

Zanone Fraissat/Folhapress
Participantes de excursão da última sexta, que usou um ônibus de dois andares, ao estilo inglês

BRUNO RIBEIRO
DE SÃO PAULO

"Please, people! Para a calçada!" Com ordens nessa linha, o primeiro "pub crawl" da cidade tem atraído cerca de 50 turistas brasileiros e (principalmente) estrangeiros em cada excursão por bares e baladas da Vila Madalena, na zona oeste, e do Baixo Augusta, no centro.
A atração é comum na Europa, nos EUA e na Argentina. O "crawl" (rastejar, em inglês), diz a que o serviço se propõe: beber de bar em bar até sair rastejando.
Em São Paulo, o serviço começou em janeiro. A divulgação é feita em hostels e nas redes sociais. Os turistas dizem escolher o passeio para conhecer mais de um lugar nas primeiras noites da cidade para, depois, voltarem aos que gostaram mais.
"Vamos ficar três noites em São Paulo. Com o "pub crawl", poderíamos conhecer um número maior de bares", conta a norueguesa Tuva Emilie Roskar, 20, que faz um mochilão na América do Sul com uma amiga antes de começar a faculdade.
Mas não há só mochileiros entre os gringos. Na sexta-feira, na Vila Madalena, era possível conversar com dez estudantes americanos, quatro cineastas franceses que fazem um documentário sobre telenovelas e três engenheiros coreanos que ficarão três anos por aqui -além de seis mochileiros belgas e as duas norueguesas.
"Com tanto estrangeiro, a festa acaba atraindo muita gente brasileira. Não só quem é de fora da cidade, mas paulistanos, também", diz um dos organizadores do passeio, Bruno Aragaki, 26. "O pessoal, principalmente as meninas, gosta da ideia de estar em uma balada com vários estrangeiros", diz.
A promotora de eventos Juliana Fantini Moreira, 24, é um exemplo. O "pub crawl" da sexta foi seu terceiro. "Estive na Europa e fazia "pub crawl" lá. Quando voltei, fiquei sabendo que estava começando por aqui e quis participar. É muito legal para conhecer pessoas novas", diz.
Há cerca de 20 bares e baladas na lista de locais visitados pelo grupo. Os passeios ocorrem em dois finais de semana por mês. A empresa que oferece o serviço quer fazer passeios em todos os fins de semana até julho.
Alguns roteiros, como o da última sexta, incluem uma viagem de cerca de uma hora dentro de um ônibus de dois andares, estilo londrino, que serve cervejas de graça.

COMANDAS E EXAGEROS
Lá fora, é comum que as bebidas sejam pagas em dinheiro, conforme são consumidas. As comandas das baladas daqui confundem o turista. "Fora que o serviço é péssimo. As pessoas têm de ficar no balcão gritando para ser atendidas. E os garçons nunca falam inglês", diz Aragaki. Por isso, a organização deixa funcionários posicionados no balcão para ajudar nos pedidos.
Os turistas também precisam de "babás" para andar pelas calçadas estreitas e tortas da cidade. A organização usa um megafone para orientar a turma -que não se mostra muito interessada em se comportar. "Nosso serviço é complicado. Temos de guiar bêbados pela rua em segurança", diz Daniel Resende, 25, outro dos organizadores.
Quando alguém passa mal de tanto beber, é retirado do tour e levado para o hotel ou para casa. A reportagem viu isso acontecer no sábado, com um paulistano.
Os organizadores pretendem aproveitar o calendário de eventos da cidade para propor roteiros temáticos -um "pub crawl" gay está nos planos. Sem contar a quantidade de estrangeiros que virão à cidade até 2014.
No sábado, havia duas moças e um rapaz dos Estados Unidos, alunos de políticas públicas da Universidade do Sul da Califórnia, entre os turistas. Eles já estavam aqui para conhecer os projetos para a Copa do Mundo.
O serviço custa de R$ 50 (com reserva) a R$ 60. Mais informações sobre o serviço podem ser obtidas no site www.pubcrawlsp.com


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