São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

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MEMÓRIA

Ele era um dos expoentes da arquitetura brasileira

Arquiteto Sérgio Bernardes morre aos 84 anos de falência dos órgãos

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Morreu ontem, aos 84 anos, um dos mais importantes arquitetos brasileiros, Sérgio Wladimir Bernardes. Segundo a família, seu estado de saúde vinha debilitado desde que sofreu um derrame, dois anos atrás, e se agravou a partir de quarta-feira. Ele morreu em casa, às 7h, de falência múltipla dos órgãos.
O arquiteto deixa viúva, dois filhos -o cineasta Sérgio Bernardes e a artista plástica Cristiana Bernardes- e netos. Em outubro passado, seu terceiro filho, Cláudio Bernardes, também arquiteto, morreu em um acidente de automóvel em Mato Grosso do Sul.
Segundo a família, desde que sofreu o derrame, o arquiteto alternava momentos de lucidez e de inconsciência e não teria se dado conta da morte de Cláudio.
Segundo Maria Rosa Bernardes, nora do arquiteto, ao sofrer o derrame, ele estava envolvido no projeto de recuperação do Pavilhão de São Cristóvão, que ele projetou em 1958 e está abandonado. O projeto de recuperação acabou também abandonado.
O filho cineasta estava filmando o longa metragem ""Muiraquitã" em Macapá (AP) e interrompeu as filmagens para vir ao Rio ver o pai, na quinta-feira. Segundo parente, o cineasta teria intuído a morte do pai. Seu enterro estava programado para o final da tarde de ontem, no cemitério São João Batista, em Botafogo, na zona sul.
Irreverente e aventureiro, Sérgio Bernardes costumava responder com bom humor, antes do derrame, quando lhe perguntavam sobre seu estado de saúde. "Se não me examinarem, estou ótimo." Seu espírito aventureiro revelava-se na paixão por aviões e por corridas de automóvel.
Projetou sua primeira casa aos 15 anos, para um amigo do pai. Foi um inovador na tecnologia e no uso de materiais: além do concreto, da madeira e do aço, incorporou neblina, reflexos, sons e odores em seus projetos.
Deixou um acervo com mais de 6 mil projetos acumulados. Entre suas obras mais importantes, estão o Mausoléu de Castello Branco (1968) e o palácio do governo do Ceará, ambos em Fortaleza; o Hotel Tambaú, em João Pessoa (PE), e o Pavilhão das Bandeiras na Praça dos Três Poderes (1969), em Brasília.
Nos anos 60, propôs a reinvenção da bicicleta (a "Biocleta"), do avião ("Gaivota") e do transporte público ( "Rotor").



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