São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

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Coreano moderniza comércio local

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando chegou ao Brasil, aos 12 anos, o coreano Jun Hee Nam, 27, adotou Alex como "nome de guerra".
Ao concluir o curso de administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas, Hee Nam ampliou seu domínio no mercado de confecções e transformou a pequena loja de roupas dos pais, no Bom Retiro, num showroom que vende roupas para todo o país.
A loja de Hee Nam, assim como de boa parte do comerciantes coreanos do bairro, foi comprada de imigrantes judeus, que até a o início dos anos 70 dominaram o comércio do local.
Hee Nam representa uma geração de jovens coreanos que decidiu fazer carreira a partir do comércio dos pais. São eles que estão modernizando o ramo de confecções no bairro.
O pontapé inicial da transição do "Bom Retiro judaico" para o "Bom Retiro coreano" foi justamente o desinteresse dos filhos dos imigrantes judeus em continuar o negócio dos pais.

Negócios da família
Alberto Milkewitz, diretor institucional da Federação Israelita de São Paulo, diz que a maioria dos filhos desses imigrantes cursou faculdade e não deu prosseguimento aos negócios da família.
Milkewitz credita à migração dos judeus para as zonas oeste e sudeste de São Paulo ao que chama de "movimento natural da classe média": à medida que as famílias prosperaram, mudaram-se para bairros com perfil mais residencial e menos comercial do que o Bom Retiro.
A rede média dos chefes de família do Bom Retiro é de R$ 1.358. Já nos bairros da zona oeste e sudeste, varia em torno de R$ 4.000, de acordo com levantamento do Censo 2000.
David Ben Avram, 56, é considerado uma das exceções do "Bom Retiro judaico". Manteve a loja de doces aberta pelos pais em 1970. Acabou virando referência de "comércio judaico" na região, embora, assim como a maioria dos clientes, já tenha se mudado para Higienópolis.
Thomaz Chon, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Coréia, diz que 40% dos coreanos que vivem em São Paulo (cerca de 19 mil) ainda moram no Bom Retiro, mas que já há um movimento dos mais prósperos em direção a Higienópolis (centro) e à zona sul, principalmente Aclimação e Paraíso. (GA)



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