São Paulo, quarta-feira, 16 de junho de 2004

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ADMINISTRAÇÃO

Prefeita levou Kofi Annan a CEU na zona sul

Marta pede que entidade presidida por ela tenha representação na ONU

DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), pediu ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, um assento nas Nações Unidas para uma entidade que reúne cerca de 100 mil cidades do mundo todo e que é presidida por ela.
Annan afirmou, segundo o relato da prefeita, que dará alguma espécie de representação na ONU, mas não um assento -que dá direito a voto. Marta disse que Annan prometeu um "canal direto" das cidades com a ONU.
"Isso era tudo o que eu queria, tudo o que essa entidade nova precisava como "start'", afirmou Marta, referindo-se à organização Cidades e Governos Locais Unidos, criada no mês passado e presidida por ela. A sede fica em Barcelona, na Espanha.
De acordo com Elizabeth Gateau, secretária-geral da nova entidade, a idéia é achar uma saída intermediária entre o assento na ONU e o mero papel de observador, já exercido por outras entidades, como a Cruz Vermelha.
Annan visitou ontem o CEU (Centro Educacional Unificado) Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. Acompanhado da mulher, Nane, o secretário-geral foi recepcionado por Marta e por um grupo de cerca de 30 crianças. Elas cantaram uma música pedindo paz e entregaram presentes e pombas de papel.
Em discurso no local, Annan afirmou que o CEU -modelo de escola adotado na gestão petista, cuja estrutura inclui teatros, piscinas e centros de informática- é um "ambiente maravilhoso", "fruto da criatividade de Marta", e disse ter ficado muito contente pelo número de pessoas que aproveitam o lugar. "É o que gostaríamos de ver em todas as comunidades carentes", disse Annan, que agradeceu arriscando um pouco de português: "Muito obrigado, grandes meninos".
Para Anna Tibaijuka, diretora do programa Habitat da ONU, que também visitou o CEU, o desafio agora é transformar o "escolão" em padrão, não em exceção. Em sua opinião, outro ponto importante é a discussão sobre como manter essa estrutura.
A prefeita disse que pediu um assento para sua entidade na ONU porque "o mundo mudou". "O sistema [da ONU] é muito complicado e burocrático, isso é de outros tempos, tem de mudar. As cidades querem ser protagonistas", afirmou. "Não tem volta, as instituições vão ter de mudar."
"A ONU decidiu acabar com as favelas, mas nunca discutiu com as próprias cidades como acabar com as favelas", disse Elizabeth Gateau.


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