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"Gay família" é maioria na parada de SP
Maior parte dos participantes em 2005 tinha relacionamentos estáveis, alguns inclusive com filhos, mostra pesquisa
Para coordenador, dados ajudam a combater o senso comum de que relações homossexuais são frágeis
e baseadas no desejo sexual
ANTÔNIO GOIS
DANIELA TÓFOLI
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A maior parte dos gays que
participaram em 2005 da Parada do Orgulho GLBT de São
Paulo -a nova edição ocorre
amanhã, na avenida Paulista-
tinha relacionamentos estáveis. Alguns já viviam, inclusive, com filhos, em relações que
duravam mais de dez anos.
Essas são conclusões de uma
pesquisa feita no ano passado
pelo Clam (Centro Latino-Americano em Sexualidade e
Direitos Humanos), em parceria com a Associação da Parada
do Orgulho GLBT de São Paulo
e com as universidades Cândido Mendes, USP e Unicamp.
Para o coordenador do Clam,
Sérgio Carrara, as estatísticas
ajudam a combater o senso comum de que as relações entre
gays são frágeis e baseadas no
desejo sexual. "Esses dados
contrariam, por exemplo, a posição da Igreja Católica e do papa [Bento 16], que declarou recentemente que as relações homossexuais são feitas de um
amor frágil."
Foram ouvidos 973 participantes. Entre os que declararam não ser heterossexuais,
45% disseram estar casados ou
namorando. A maior parte das
relações (37%) durava menos
de um ano, mas o número aumentava conforme a idade. Entre os de 40 anos ou mais, 39%
viviam havia mais de seis anos
com o mesmo parceiro.
Participantes da parada, o
professor Marcos, 41, e o publicitário Paulo, 50, são prova de
relacionamento duradouro.
Juntos há sete anos, eles lembram que o começo do casamento passou por uma fase de
adaptação. "Como em todo relacionamento, a gente estava se
conhecendo. Mas o amor é
mais forte que tudo", diz Sérgio. "Agora, estamos nos preparando para ter um filho. Queremos adotar no ano que vem."
A pesquisa do Clam mostra
que 14% dos casais homossexuais que foram à parada têm
filhos e, em 52% desses casos,
eles são de relação heterossexual anterior. "Esses dados indicam que as relações estáveis
são realidade. É por isso que temos de discutir os direitos desta população", diz Carrara.
Os administradores Sérgio,
38, e Carlos, 37, também esperam a regulamentação de seus
direitos. Vivendo juntos há nove anos, sonham com um casamento legalizado para poderem, por exemplo, ter o mesmo
plano de saúde. "Hoje, um não
pode ser dependente do outro.
Estamos juntos há mais tempo
do que muito casal heterossexual", diz Sérgio. Amanhã, o casal vai se divertir na parada.
"Adoramos." Ontem, a diversão
começou com a 6ª Feira Cultural GLBT, no largo do Arouche.
Entre o público heterossexual da parada passada, a pesquisa indicou que a maioria foi
de mulheres (dois terços). Pesquisa do Datafolha no evento,
em que 435 pessoas foram ouvidas, mostrou que 46% dos
participantes disseram ser heterossexuais. Entre as mulheres, o número subia para 66%.
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