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USP gasta 87% das receitas com salários e aposentadorias
Para Reitoria, reajuste pedido por grevistas elevaria índice a 92%, inviabilizando instituição
Sindicato dos professores, que aderiu à greve após reitora requisitar apoio da PM, contesta dados e afirma que USP subestima receitas
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dados apresentados pela
Reitoria da USP apontam que a
universidade ficaria sem recursos para manutenção (custeio)
e investimento caso seja concedido o reajuste salarial exigido
pelos sindicatos em greve.
Segundo a Reitoria, 92,4% do
orçamento passaria a ser destinado apenas à folha de pagamento (ativos e inativos).
Representantes de funcionários e professores pedem aumento de 16%. A reitora Suely
Vilela afirma não ter condição
de atender à reivindicação e
concedeu 6% de aumento. Com
isso, o gasto com pessoal, que já
era de 83% das receitas, passou
para 87,2%, diz a USP.
O impasse sobre o aumento
salarial é um dos motivos da
greve, iniciada pelos funcionários no dia 5 de maio. Os professores aderiram à paralisação no
início de junho depois que a reitora requisitou força policial
para impedir piquetes.
O Orçamento da USP aprovado pela Assembleia de SP é
de R$ 3 bilhões, valor que pode
mudar ao longo do ano porque
é calculado de acordo com a receita de ICMS do governo paulista. Ou seja, antes do aumento
e considerando só o valor aprovado, a USP já gastaria R$ 2,5
bilhões com pessoal.
Os dados sobre o comprometimento da receita com pessoal
são contestados pela Adusp
(sindicato dos professores).
A entidade afirma que a Reitoria subestima as verbas que
receberá do governo -acha que
a arrecadação vai crescer mais
do que estima a reitoria- e que
infla a participação dos salários
no orçamento. Com o aumento
exigido, diz, a USP passaria a
gastar 83,8% com pessoal.
Nenhum representante da
Reitoria concedeu entrevista
sobre o assunto. As informações foram repassadas pela assessoria de imprensa.
Salário de um doutor
Com o reajuste dado pela
Reitoria, um professor doutor
com dedicação integral (40 horas semanais) passou a ganhar
R$ 6.707. Nessa classe, os docentes estudam ao menos mais
cinco anos (mestrado e doutorado) após se formarem na graduação. Também precisaram
ser aprovados em concurso.
Caso fosse concedido o reajuste pedido pelos sindicatos, o
salário passaria a R$ 7.337.
"A arrecadação no final do
ano é historicamente maior do
que o previsto no orçamento",
diz Americo Kerr, um dos representantes da Adusp nas negociações. Já a USP afirma não
ser prudente trabalhar com
projeções de crescimento, que
podem não se concretizar.
Kerr diz ainda que a instituição infla a participação dos salários no orçamento. Segundo o
sindicato, a Reitoria concedeu
reajuste de 6,5% em 2008, mas
a folha de pagamento neste ano
está 12,2% maior (antes do aumento de 2009).
"As universidades seguem
determinação do governo de
não conceder aumentos para
que haja expansão de vagas
com os mesmos recursos", diz.
Para Edson Nunes, membro
do Conselho Nacional de Educação e pró-reitor de planejamento da Universidade Candido Mendes, o comprometimento do orçamento da USP
com os salários já era alto antes
mesmo do reajuste de 6%.
"Numa universidade de pesquisa privada, quando o percentual chega a 70%, já se começa a mudar o planejamento", afirma Nunes. Segundo a
Lei de Responsabilidade Fiscal,
os Estados não podem gastar
mais do que 60% da receita corrente líquida com pessoal.
R$ 6.707
é quanto ficou o salário de um
professor doutor com dedicação
integral (40 horas semanais)
após reajuste concedido pela Reitoria da USP
R$ 7.337
seria o pagamento de um
professor doutor com dedicação
integral (40 horas semanais)
com o reajuste salarial exigido
pelos sindicatos
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