São Paulo, terça-feira, 16 de junho de 2009

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Paulista é inadequada para a Parada Gay, diz Kassab

Prefeito espera relatórios sobre o evento para avaliar necessidade de transferência

Após tumultos de domingo na avenida, PM reafirma sugestão de mudança do local, mas organizadores dizem não ver motivo

DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio à repercussão dos tumultos na 13ª Parada Gay, realizada anteontem em São Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirmou ontem que a "avenida Paulista cada vez mais se mostra inadequada para os eventos" que abriga.
Questionado sobre uma possível troca de local do desfile, Kassab disse que espera relatórios sobre público e ocorrências policiais para ver se é preciso estudar a transferência.
"Vamos aguardar. Isso deve ser feito com grande serenidade, para que a gente possa preservar os grandes eventos da cidade de São Paulo", afirmou.
Além da Parada, cuja organização diz ter reunido 3,5 milhões em 2008 -ainda não há estimativa deste ano-, a corrida de São Silvestre e o Réveillon são os únicos eventos com autorização para interditar a via.
Um dos argumentos em favor da máxima visibilidade à Parada é financeiro -neste ano, a cidade esperava receber 400 mil turistas, que gastariam em torno de R$ 189 milhões.
O coronel Marcos Chaves, que comandou a PM no evento, voltou ontem a sugerir mudança de local. "A concentração dificulta entrar na multidão e atuar mais rápido. Se a Polícia Militar for ouvida, vai defender que a Paulista ficou pequena."
A PM informa, contudo, que houve redução drástica de furtos. Foram 75 queixas até ontem, contra 557 em 2008. O total de atendimentos médicos caiu de cerca de 700 para 412.
Ocorrências mais sérias, como a explosão de bomba caseira após a dispersão do evento (leia ao lado), preocupam a segurança, cujo contingente passou de 1.500 homens para 2.000 (entre PM, guarda municipal e segurança privada).
Houve grande aglomeração em frente ao Masp -onde uma ambulância causou tumulto ao cruzar a multidão em vez de usar via exclusiva- e na entrada da rua da Consolação.

Sem isolamento
A associação APOGLBT, organizadora da parada, diz que nunca viu motivos para deixar a Paulista. "Mas vamos esperar os relatórios sobre público presente e ocorrências", diz César Xavier, coordenador de comunicação. Ele refuta sugestões da Polícia Militar, como o Sambódromo e o autódromo de Interlagos. "Não queremos isolamento. A Parada nasceu como protesto. Não é um Carnaval."
Regina Meyer, urbanista da USP, concorda. "A Parada precisa ser inserida no contexto da cidade. E a mudança para outros lugares, como a avenida Nove de Julho, traria problemas parecidos", avalia.
Retirados da Paulista há dois anos, organizadores da parada cristã Marcha Para Jesus dizem que estão melhor na avenida Tiradentes (zona norte).
(DANIEL BERGAMASCO e RICARDO SANGIOVANNI)


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