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Paulista é inadequada para a Parada Gay, diz Kassab
Prefeito espera relatórios sobre o evento para avaliar necessidade de transferência
Após tumultos de domingo na avenida, PM reafirma sugestão de mudança do local, mas organizadores dizem não ver motivo
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à repercussão dos
tumultos na 13ª Parada Gay,
realizada anteontem em São
Paulo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirmou ontem que
a "avenida Paulista cada vez
mais se mostra inadequada para os eventos" que abriga.
Questionado sobre uma possível troca de local do desfile,
Kassab disse que espera relatórios sobre público e ocorrências policiais para ver se é preciso estudar a transferência.
"Vamos aguardar. Isso deve
ser feito com grande serenidade, para que a gente possa preservar os grandes eventos da cidade de São Paulo", afirmou.
Além da Parada, cuja organização diz ter reunido 3,5 milhões em 2008 -ainda não há
estimativa deste ano-, a corrida de São Silvestre e o Réveillon
são os únicos eventos com autorização para interditar a via.
Um dos argumentos em favor da máxima visibilidade à
Parada é financeiro -neste
ano, a cidade esperava receber
400 mil turistas, que gastariam
em torno de R$ 189 milhões.
O coronel Marcos Chaves,
que comandou a PM no evento,
voltou ontem a sugerir mudança de local. "A concentração dificulta entrar na multidão e
atuar mais rápido. Se a Polícia
Militar for ouvida, vai defender
que a Paulista ficou pequena."
A PM informa, contudo, que
houve redução drástica de furtos. Foram 75 queixas até ontem, contra 557 em 2008. O total de atendimentos médicos
caiu de cerca de 700 para 412.
Ocorrências mais sérias, como a explosão de bomba caseira após a dispersão do evento
(leia ao lado), preocupam a segurança, cujo contingente passou de 1.500 homens para
2.000 (entre PM, guarda municipal e segurança privada).
Houve grande aglomeração
em frente ao Masp -onde uma
ambulância causou tumulto ao
cruzar a multidão em vez de
usar via exclusiva- e na entrada da rua da Consolação.
Sem isolamento
A associação APOGLBT, organizadora da parada, diz que
nunca viu motivos para deixar a
Paulista. "Mas vamos esperar
os relatórios sobre público presente e ocorrências", diz César
Xavier, coordenador de comunicação. Ele refuta sugestões da
Polícia Militar, como o Sambódromo e o autódromo de Interlagos. "Não queremos isolamento. A Parada nasceu como
protesto. Não é um Carnaval."
Regina Meyer, urbanista da
USP, concorda. "A Parada precisa ser inserida no contexto da
cidade. E a mudança para outros lugares, como a avenida
Nove de Julho, traria problemas parecidos", avalia.
Retirados da Paulista há dois
anos, organizadores da parada
cristã Marcha Para Jesus dizem que estão melhor na avenida Tiradentes (zona norte).
(DANIEL BERGAMASCO e RICARDO SANGIOVANNI)
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