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MEC fechará curso de medicina da Unisa
Decisão suspende o ingresso de novos alunos no curso, um dos mais tradicionais de ensino médico no país
Ministério diz que instituição não cumpriu acordo para sanar deficiências; reitoria informa que recorrerá
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
Começou o processo de desativação do curso de medicina da Unisa (Universidade de
Santo Amaro), uma das mais
tradicionais entidades privadas de ensino médico do
país, fundada em 1968.
A decisão do Ministério da
Educação, publicada ontem
no "Diário Oficial da União",
suspende o ingresso de novos alunos; quem já está fazendo o curso na universidade poderá concluí-lo.
A Unisa informa que irá recorrer da medida.
Entre os ex-alunos famosos do curso está o cardiologista Roberto Kalil, médico
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos candidatos à
Presidência Dilma Rousseff e
José Serra, que se formou na
universidade em 1985.
Hoje, o curso tem 480 alunos, que pagam mensalidades de R$ 3.424. Na avaliação
do Enade (Exame Nacional
de Desempenho de Estudantes) de 2007, seu conceito foi
3, considerado mediano.
A crise na Unisa se acirrou
no final de 2008, quando 50
dos 150 docentes do curso de
medicina foram demitidos.
Em seguida, alegando falta de condições de trabalho e
ensino gerada pelas demissões, cerca de 70 residentes
paralisaram o atendimento
no Hospital do Grajaú e no
Hospital Escola Wladimir Arruda, que funciona como
hospital de ensino da Unisa.
"SURPREENDIDA"
No início do ano passado,
uma vistoria do Cremesp
(Conselho Regional de Medicina) concluiu que havia deficit de preceptores -supervisores de residentes- em todas as clínicas, "com evidentes prejuízos à formação de
internos e residentes".
Segundo a Sesu (Secretaria de Educação Superior),
no final de maio de 2009, foi
assinado um termo em que a
instituição se comprometia a
sanar até o final dezembro
vários problemas que afetavam a qualidade do ensino.
O acordo previa, entre outros, aumento do total de docentes, plano de capacitação
dos professores, ampliação
de laboratórios e atualização
do acervo bibliográfico.
Neste ano, informa a Sesu,
a comissão do MEC fez nova
avaliação do curso e concluiu que a Unisa não cumpriu "satisfatoriamente" o
acordo; por isso, iniciou-se o
processo de desativação.
"Há possibilidade da ocorrência de lesão irreparável ou
de difícil reparação ao direito
da coletividade representada
pelos alunos e possíveis ingressantes no curso", diz trecho da portaria.
Em nota, a reitoria da Unisa informa ter sido "surpreendida" pela decisão e
que recorrerá tão logo receba
a nota técnica do MEC.
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