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São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2003

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JUSTIÇA

Dez réus receberam pena máxima, oito foram absolvidos

Acusados de falsificar e vender remédio Androcur são condenados

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos maiores escândalos relacionados à falsificação de remédios no país chega mais perto do fim. Na última segunda-feira, o juiz Sidney Celso de Oliveira, da 4ª Vara Criminal, deu pena máxima para dez acusados de fabricar e vender mais de 1 milhão de comprimidos falsos de Androcur -para câncer de próstata. Os réus poderão aguardar o julgamento do recurso em liberdade.
Outros oito acusados foram absolvidos por ausência de provas. A maioria deles era formada por donos de farmácias que alegaram desconhecer que o Androcur vendido era falsificado.
Durante cerca de dois anos, a Botica Ao Veado D'Ouro e seu laboratório Veafarm produziram e venderam placebos como se fossem Androcur. Os placebos são comprimidos sem efeito medicinal utilizados para testes.
Os proprietários da Botica, Edgar Helbig e Daniel Eduardo Derkatscheff Vera, e o ex-gerente financeiro da empresa e genro de Derkatscheff, Ricardo Camargo Garcia, foram condenados a 13 anos de prisão e a pagar multa de 850 salários mínimos -R$ 204 mil. Também receberam a mesma pena José Antônio de Oliveira, que intermediou parte da venda dos remédios, e Jorge Elias Bassi Kury, dono da gráfica Jocean, que produziu as embalagens.
A pena foi ainda superior para Elcio Ferreira da Silva, José Celso Machado de Castro, Chafic Rassul Neto e David Teixeira. Eles são acusados de distribuírem o medicamento falsificado e foram condenados a 16 anos e a pagar 900 salários mínimos. A condenação é maior, pois também são acusados de falsidade ideológica.
Paulo Roberto Fanchini e José Bueno Alves, acusados de fornecer notas fiscais frias para o remédio falso, foram condenados a 16 e a três anos, respectivamente.
Apesar de o juiz ter aplicado as penas máximas, o promotor José Antônio Franco da Silva as considera pequenas. "O que foi demasiado não foi a pena, foi a conduta", afirma. O escândalo do Androcur, em 1998, resultou na alteração na lei. A falsificação de remédios passou a ser considerada crime hediondo, cuja pena varia de 10 a 15 anos.
A advogada do ex-gerente financeiro, Paula Zanelato, afirmou que irá recorrer da decisão, alegando que não há provas de que o cliente sabia da falsificação.


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