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PLANOS DE SAÚDE
Para ANS, setor não enfrenta crise; Bradesco e SulAmérica tiveram lucro em 2003, afirma consultoria
Empresas estão equilibradas, diz agência
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A avaliação da ANS (Agência
Nacional de Saúde Suplementar)
e de uma das principais empresas
de consultoria do setor de seguros
e planos de saúde é que as operadoras Bradesco e SulAmérica estão em uma situação geral de
equilíbrio econômico -e que poderiam oferecer outras alternativas a seus clientes que não os reajustes de até 82% apresentados.
"A Bradesco Saúde e a SulAmérica, tanto quanto as demais, tiveram rentabilidade menor [em relação a anos anteriores], mas com
nenhuma evidência de comprometimento econômico-financeiro", disse o diretor de normas e
habilitação das operadoras na
ANS, Alfredo Cardoso.
"O que posso dizer é que o balanço dessas operadoras não reflete nenhum desequilíbrio econômico-financeiro, nem no curto, nem no longo prazo."
Segundo Cardoso, a ANS não
poderia oferecer análises detalhadas sobre as empresas por serem
"documentos internos". Ele não
soube dizer qual regulamento impediria a divulgação.
O diretor afirma que as empresas têm problemas pontuais com
planos antigos, anteriores à lei de
1998 que regulamentou o setor
-são esses planos que tiveram
aumentos considerados abusivos
pelo governo.
Cardoso destacou que nem a
Bradesco nem a SulAmérica estão
entre as 31 empresas em processo
de direção fiscal -medida aplicada quando a agência constata
problemas econômicos.
Segundo Walter Graneiro, sócio-diretor da consultoria Capitolio Consulting, as duas empresas
também não estão entre as que tiveram prejuízos em 2003 -um
estudo com 917 operadoras das
2.277 que estavam no mercado
mostrou que 34% das avaliadas
fecharam no vermelho.
De acordo com o levantamento
da consultoria, que presta serviço
para 400 operadoras e teve dados
utilizados pela CPI dos Planos de
Saúde, Bradesco e SulAmérica
concentravam 21,3% do faturamento do setor -um total de R$
24,6 bilhões em 2003- e 11% dos
clientes de planos naquele ano
-um total de 36,7 milhões de
brasileiros. Com isso é possível
concluir que praticam algumas
das mensalidades mais altas.
O setor, aponta o estudo da Capitolio, vive no entanto uma redução da liquidez -para cada R$ 1
em obrigações de curto prazo, as
empresas têm R$ 1,2 para gastar- e aumento da sinistralidade
-gastos com usuários em relação à receita dos planos. A tendência vale para as duas empresas. "Elas estão andando de lado,
equilibradas", afirma o economista Graneiro. Para ele, as empresas poderiam buscar outras alternativas para os planos antigos,
como parcelar os aumentos.
Antes da liminar concedida em
agosto de 2003 pelo Supremo Tribunal Federal, que determinou
que os reajustes dos planos anteriores à lei de 1998 não seriam
mais controlados pelo governo, a
agência fazia uma análise para decidir se concederia aumento controlado, por revisão técnica (reajuste além do anual), autorizado
por lei, para os planos antigos.
O estudo foi atropelado pela decisão do STF. Segundo as operadoras, mais de 300 mil pessoas tiveram o aumento de até 82%.
"Estamos falando de um segmento de empresas sérias, com
presença centenária no mercado.
Eu não quero entrar no mérito
[do reajuste]. Não acredito que tenha sido uma ação leviana", afirmou o diretor, quando questionado se as empresas teriam margem
para contornar os problemas com
as carteiras de planos antigos. "A
ANS nunca considerou justo o
oferecimento desses reajustes",
destacou, no entanto.
De acordo com o diretor, a ANS
definiu o limite de 11,75% para o
reajuste deste ano -para os planos novos- levando em conta os
preços praticados pelas empresas
em contratos coletivos (com empresas), cujos aumentos não são
controlados pelo governo, mas
em que as duas parte têm, em tese,
o mesmo poder de negociação.
"O que parece é que há uma recuperação de um passado, de um
suposto acúmulo de prejuízos",
afirmou sobre os 82%. A retroatividade em aumentos é considerada irregular pela ANS.
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