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BARBARA GANCIA
Seu ouvido está à disposição?
Depois que seu pai apareceu
de algemas em todas as CNNs
do mundo, Robyn Lay, filha do ex-presidente da Enron, Kenneth Lay,
mandou um longo e-mail aos amigos intitulado "Rezem, por favor",
pedindo que sua família seja incluída nas preces dos que "ainda"
gostam dela.
Na cabeça da filha do responsável pela maior falência de uma empresa norte-americana de todos os
tempos, seu pai, Kenneth Lay, está
sendo vítima de uma caça às bruxas promovida pela imprensa.
Está certo que papel de filha é defender o pai, mas será que meu ouvido é penico? Robyn afirma ainda
que o único pecado de Ken Lay foi
ter "acreditado nas pessoas erradas". Para ela, ele é "um homem
bom e honesto, um homem de
Deus". O e-mail termina dizendo
que o maior predicado do dono da
Enron é "nunca desistir", não importando qual a natureza da adversidade.
Imagino que as filhas de Nicolau
dos Santos Neto, de Sérgio Naya, se
ele as tiver, e de outros poderosos que
acabaram fisgados pela Justiça poderiam ter escrito mensagens muito
parecidas com a de Robyn Lay. Mas
só as filhas de Paulo Maluf encheriam a boca para dizer, acertadamente, que o pai nunca desiste.
Nos últimos tempos, como se vivesse em uma peça de teatro escrita por Ionesco, Paulo Maluf tem
negado, sistematicamente, até
mesmo para os amigos mais íntimos e para homens de negócios
para lá de experientes que algum
dia tenha tido conta no exterior.
Tanto faz os quase oito quilos
de documentos enviados pela Suíça; pouco importam os pareceres
dos peritos que analisaram as assinaturas nos cartões de banco ou
o tamanho do absurdo de imaginar que alguém teria investido
mais de US$ 300 milhões só para
incriminá-lo: o ex-prefeito Paulo
Maluf não desiste do papel de
perseguido.
Vai ver que Maluf torce para ter
a mesma sorte de Tony Blair, o
Tony Teflon, em quem nenhuma
acusação parece grudar. Pois, enquanto a Procuradoria Geral não
decifrar toda a papelada, a população continuará tendo de emprestar seu ouvido às negativas
mais surrealistas da história do
município.
Depois de passar pelas mãos de
executivos de empresas de telefonia
celular do mundo todo, a tocha
olímpica finalmente voltou a Atenas. Ela deveria ser um símbolo,
mas o COI (Comitê Olímpico Internacional) resolveu negociá-la. Já
imaginou se a moda pega? Já pensou o Cristo Redentor tendo de dobrar o braço para falar no celular?
QUALQUER NOTA
Na onda
Espera-se que o sucesso da 2ª
Festa Literária Internacional de
Parati sirva para incentivar a
reedição dos livros de Guimarães Rosa em traduções para o
francês e o inglês. "Grande Sertão: Veredas", por exemplo,
não consta do catálogo de nenhuma das grandes livrarias da
França, da Inglaterra ou
dos EUA.
Mistério
O Pelican de Miami promete
instalar uma filial de seu hotel
cinco estrelas na cidade. Com
dezenas de quartos às moscas, é
de se perguntar como ainda há
quem se anime a investir na
área. Ou será que Sampa vai
passar a sediar vários Unctads
ao ano?
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia
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