São Paulo, quinta-feira, 16 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Prefeitura de SP adia remoção de favela

Decisão foi tomada após moradores barrarem ontem de manhã o acesso dos funcionários municipais ao local, na marginal

Segundo a Sehab, mudança de planos não representa o cancelamento da remoção nem abre discussão sobre verba oferecida às famílias


Rodrigo Paiva/Folha Imagem
Favela do Sapo, na Água Branca (zona oeste), onde a desapropriação dos barracos foi adiada

ROBERTO MADUREIRA
EM SÃO PAULO
DO "AGORA"

A Sehab (Secretaria Municipal da Habitação) de São Paulo adiou por tempo indeterminado a desapropriação dos barracos da favela do Sapo, situada na Água Branca (zona oeste), na pista local da marginal Tietê.
A decisão foi tomada após moradores barrarem ontem de manhã o acesso dos funcionários da prefeitura ao local.
Segundo a Sehab, a mudança de planos não representa o cancelamento da remoção nem abre discussão sobre benefícios oferecidos às famílias, ao contrário do que disseram os representantes dos moradores, em tom de comemoração.
De acordo com os moradores, a suspensão temporária da demolição foi feita com a condição de que não sejam erguidos novos barracos na favela.
"Se alguém levantar um barraco, a prefeitura entra", afirmou o advogado dos moradores, Benedito Barbosa.
De acordo com a Sehab, serão oferecidos de R$ 1.500 a R$ 5.000 para as famílias que estão vivendo na favela há mais de um ano.
As 80 famílias que chegaram depois de ter sido concluído o cadastro das famílias não terão direito ao benefício. A secretaria afirma que 455 famílias foram cadastradas em junho.
O defensor público Carlos Moreira ajuizou ontem uma ação civil pública para garantir atendimento a todas as famílias. Uma audiência de conciliação na Justiça foi marcada para o dia 23 de julho.
Na noite de anteontem, um grupo de moradores chegou a fechar a marginal Tietê por 14 minutos. Ontem pela manhã, eles bloquearam a entrada da favela com latões de lixo e pedaços de madeira, pedindo melhoria nos benefícios e inclusão de todas as famílias.
A subprefeita da Lapa, Soninha Francine, disse ser contra a paralisação do processo de remoção, mas a favor de um diálogo com a população.
"Quando se interrompe [o diálogo], o problema é agravado. Com certeza há muita gente sofrendo ali, mas há também quem tenha interesse no conflito", afirmou a subprefeita.
Segundo a Sehab, o desentendimento com os moradores não deve atrapalhar dois grandes planos urbanísticos previstos para a região: a Operação Urbana Água Branca, que prevê a construção de condomínios verticais e espaços públicos, e o projeto da Nova Marginal do Tietê, anunciado em junho.


Texto Anterior: José Caetano Erba (1937-2009): Um compositor e seus poemas sertanejos
Próximo Texto: Para o hospital Santa Catarina, cobrança de IPTU é irregular
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.