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Escola usa McDonald's e Coca em apostila
Mãe reclama de material didático que utiliza logomarcas em atividade para o ensino infantil
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
Na reunião de pais que encerrou o 1º semestre do ano,
Adriana, 31, surpreendeu-se
com um dos trabalhos feitos
em sala de aula pela filha
Diana, 4, em uma escola da
zona oeste de SP, com mensalidade superior a R$ 1.000.
A menina fez uma colagem em que devia associar
três figuras -uma de crianças uniformizadas, outra em
que elas aparecem comendo
e uma terceira, de uma lata
de refrigerante -com logotipos do colégio Objetivo, do
McDonald's e da Coca-Cola.
A atividade foi proposta
em uma apostila da rede Objetivo, usada em 12 escolas
do grupo e em outras conveniadas (a rede não soube dizer quantas são no total).
A atividade desagradou
pais de alunos, como Adriana. Ela afirma que não leva a
filha à lanchonete, nem oferece refrigerantes à menina.
A atividade, diz, incentivou o
consumo desses alimentos,
que não são saudáveis. Educadores e psicólogos ouvidos
pela Folha concordam.
"Achei um absurdo. Quero
que minha filha saiba o que é
bom e o que é ruim [para a
saúde]. Esperava que a escola mostrasse o certo", diz
Adriana (nome fictício).
Ela diz que procurou a direção e ouviu que as marcas
usadas nos exercícios estão
presentes no cotidiano das
crianças. "Disseram que eu
não tinha como deixar minha filha em uma redoma."
Regina de Assis, professora aposentada da Faculdade
de Educação da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), discorda da posição
adotada pela escola.
Segundo ela, a associação
de símbolos que fazem parte
do cotidiano da criança é importante para auxiliar a alfabetização. "Mas o professor
não pode ser indutor de consumo. Por que não usar a
imagem de uma salada de
frutas, por exemplo? Vai ensinar a criança a ler do mesmo jeito", diz a educadora.
Laís Fontenelle, coordenadora da área de educação do
instituto Alana, ONG que
atua na defesa dos direitos
das crianças, diz que os estudantes veem as mensagens
passadas pela escola como
certas. "Se ela vê refrigerantes e uma lanchonete, acha
que isso é bom porque a professora, que é um exemplo
para ela, está dizendo", diz.
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