São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

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VIOLÊNCIA

Escutas levaram policiais a descobrir plano para retirar detento de presídio de segurança máxima em Tremembé

Polícia frustra resgate, e três são mortos

Cláudio Capucho/Folha Imagem
Carro que era ocupado pelas quatro pessoas suspeitas de tentar resgatar um preso em Tremembé


TATIANA ANDRADE
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Uma operação ontem na via Dutra envolveu pelo menos 15 policiais (civis, militares e rodoviários federais) e provocou a morte de três pessoas suspeitas de planejar o resgate de um assaltante de banco, supostamente ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital), preso na penitenciária Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra, a P1 de Tremembé (a 138 km da capital), considerada de segurança máxima. A ação ocorreu em Caçapava (a 112 km de São Paulo).
O assaltante alvo do resgate seria conhecido como Doido. O nome dele não foi divulgado.
Ainda não foi esclarecida a circunstância em que os suspeitos morreram: se em decorrência de um acidente durante a ação ou se em razão da troca de tiros. A Secretaria da Segurança Pública informou não ter condições de comentar o caso no momento.
A Polícia Civil teria descoberto o plano ao interceptar ligações de telefones celulares feitas por membros da quadrilha. Um outro integrante do grupo foi preso durante a operação. Existe também a suspeita de envolvimento de um policial civil na ação.
O resgate de detentos foi frustrado pela Polícia Civil de São José dos Campos, que monitorava as ligações de criminosos ligados ao PCC desde julho. Um grupo de policiais ficou esperando os suspeitos na penitenciária, outro ficou espalhado na rodovia, no sentido Rio-São Paulo, aguardando o retorno, caso os criminosos conseguissem escapar.
A quadrilha percebeu a presença da polícia antes de chegar ao presídio e abortou a ação.
Por volta das 16h, ao verificar que os criminosos não haviam chegado ao local, policiais alertaram os investigadores que estavam de prontidão na rodovia.
Os veículos dos suspeitos foram identificados. Um bloqueio em trecho da via Dutra, em Taubaté, foi então organizado.
Um grupo de policiais seguiu os carros dos suspeitos a partir da saída de Tremembé, mas, dois quilômetros depois, a quadrilha percebeu a movimentação da polícia e começou a atirar contra os investigadores. Um dos policiais ficou ferido com um disparo de raspão em uma das mãos.
Um veículo dos criminosos perdeu o controle e caiu em um barranco de cerca de 30 metros.
Três dos quatro ocupantes foram atirados para fora do veículo. Outro carro que estava com o grupo que iria resgatar o Doido, provavelmente de São Paulo, conseguiu furar o bloqueio.
Policiais rodoviários de Taubaté montaram uma operação de rastreamento na rodovia, mas não conseguiram localizar o carro, um Tempra azul-marinho.
Carlos Eduardo dos Santos, que sobreviveu ao acidente, escalou o barranco, atravessou o canteiro central e fugiu em direção à outra pista da rodovia, mas foi seguido por investigadores da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) e do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), que conseguiram prendê-lo.
Anteontem, o grupo já teria tentado o resgate, mas também desistiu da operação.
A perseguição fechou uma das pistas da via Dutra, no sentido Rio-São Paulo, provocando congestionamento de até três quilômetros, nos dois sentidos, por uma hora. A pista foi liberada após o término da ação, às 19h.


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