São Paulo, domingo, 16 de agosto de 2009

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Guia classifica carioca como "popozuda" e "balzaquiana"

Publicação para turista estrangeiro chama mulheres de "filhinhas de papai" e "hippies"

Mulheres rejeitam as classificações do guia; Embratur tentou barrar venda da obra na Justiça, mas pedido foi negado

FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO

Filhinhas de papai, popozudas, balzaquianas e hippie/raver. É assim que um guia sobre o Rio de Janeiro, publicado em inglês ("Rio for Partiers") e espanhol ("Rio sin Parar") pela editora SolCat, classifica as mulheres cariocas.
A Embratur, empresa do governo federal, entrou na Justiça por considerar que a obra estimula a exploração sexual.
O guia dá dicas sobre cada um dos perfis. As filhinhas de papai, também chamadas "Paris Hilton", "se vestem como [a cantora] Christina Aguillera" e são lindas, mas podem ser metidas e não dão chance a ninguém. "Esqueça delas, a menos que seja apresentado a alguma", recomenda a obra.
As popozudas são como "bombas de sexo", "usam roupas apertadas" e "fazem o possível para ficarem sexy". Se você não tem "um bom corpo", esqueça, orienta o guia.
As hippie/raver são "divertidas" e "fáceis de se aproximar", mas "difíceis de beijar". E as balzaquianas "sempre querem se divertir, dançar e beber". A classificação é de Cristiano Cordeiro, 34, que nasceu em Belo Horizonte e mora no Rio há oito anos. Ele é o autor do guia, de 2003. São vendidos 2.000 exemplares ao ano.
A Embratur pediu à Justiça que proibisse a venda da obra. A Justiça negou o pedido.
"Virei bode expiatório e agora recebo reclamações de todo tipo de associação feminina", diz Cordeiro. "Não quis dizer que só existem esses tipos de mulher, até cito no guia que também existe a menina de família normal, comum. Mas essa não precisa explicar, tem no mundo todo. As outras são as tribos típicas do Rio."
E as mulheres, o que acham disso? "Não tem essa divisão. A gente se comporta cada dia de um jeito. Tem dia em que me acho filhinha de papai, sou difícil, em outros sou alternativa e tem a noite de caça, em que saio querendo beijar", diz a modelo Alice Goulart, 26.
A estudante Carolina Dias, 23, admite ser "filhinha de papai". "Sou fresca mesmo, mas odeio Christina Aguillera."
A estudante Marina Menezes, 18, se identifica com as popozudas, mas não pelo sentido sexual. "Não é isso que define se uma mulher vai ser mais fácil ou mais difícil."
A estudante Thais Ferreira, 20, se define como "hippie/raver". "Adoro sair, me divertir, mas não beijo qualquer um. Tenho horror do estilo micareta, em que as meninas beijam um atrás do outro."
"Está cada vez mais difícil achar um homem que saiba tratar a gente como dama", reclama a advogada "balzaquiana" Fernanda Pires, 34.
O livro indica "qualquer happy hour no centro" como lugar de paquera. Diz, porém, que não é "porque [você] está beijando a menina que se deitará com ela tão fácil como nos EUA ou na Europa. Pode ser que esteja beijando uma "serial beijadora"."
O guia também classifica os homens cariocas, divididos em "surfista", "pitboy" , "novo hippie" e "don juan".


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