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Guia classifica carioca como "popozuda" e "balzaquiana"
Publicação para turista estrangeiro chama
mulheres de "filhinhas de papai" e "hippies"
Mulheres rejeitam as classificações do guia; Embratur
tentou barrar venda da obra na Justiça, mas pedido foi
negado
FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO
Filhinhas de papai, popozudas, balzaquianas e hippie/raver. É assim que um guia sobre
o Rio de Janeiro, publicado em
inglês ("Rio for Partiers") e espanhol ("Rio sin Parar") pela
editora SolCat, classifica as mulheres cariocas.
A Embratur, empresa do governo federal, entrou na Justiça por considerar que a obra estimula a exploração sexual.
O guia dá dicas sobre cada
um dos perfis. As filhinhas de
papai, também chamadas "Paris Hilton", "se vestem como [a
cantora] Christina Aguillera" e
são lindas, mas podem ser metidas e não dão chance a ninguém. "Esqueça delas, a menos
que seja apresentado a alguma", recomenda a obra.
As popozudas são como
"bombas de sexo", "usam roupas apertadas" e "fazem o possível para ficarem sexy". Se você não tem "um bom corpo", esqueça, orienta o guia.
As hippie/raver são "divertidas" e "fáceis de se aproximar",
mas "difíceis de beijar". E as
balzaquianas "sempre querem
se divertir, dançar e beber". A
classificação é de Cristiano
Cordeiro, 34, que nasceu em
Belo Horizonte e mora no Rio
há oito anos. Ele é o autor do
guia, de 2003. São vendidos
2.000 exemplares ao ano.
A Embratur pediu à Justiça
que proibisse a venda da obra. A
Justiça negou o pedido.
"Virei bode expiatório e agora recebo reclamações de todo
tipo de associação feminina",
diz Cordeiro. "Não quis dizer
que só existem esses tipos de
mulher, até cito no guia que
também existe a menina de família normal, comum. Mas essa
não precisa explicar, tem no
mundo todo. As outras são as
tribos típicas do Rio."
E as mulheres, o que acham
disso? "Não tem essa divisão. A
gente se comporta cada dia de
um jeito. Tem dia em que me
acho filhinha de papai, sou difícil, em outros sou alternativa e
tem a noite de caça, em que saio
querendo beijar", diz a modelo
Alice Goulart, 26.
A estudante Carolina Dias,
23, admite ser "filhinha de papai". "Sou fresca mesmo, mas
odeio Christina Aguillera."
A estudante Marina Menezes, 18, se identifica com as popozudas, mas não pelo sentido
sexual. "Não é isso que define
se uma mulher vai ser mais fácil
ou mais difícil."
A estudante Thais Ferreira,
20, se define como "hippie/raver". "Adoro sair, me divertir,
mas não beijo qualquer um. Tenho horror do estilo micareta,
em que as meninas beijam um
atrás do outro."
"Está cada vez mais difícil
achar um homem que saiba tratar a gente como dama", reclama a advogada "balzaquiana"
Fernanda Pires, 34.
O livro indica "qualquer
happy hour no centro" como
lugar de paquera. Diz, porém,
que não é "porque [você] está
beijando a menina que se deitará com ela tão fácil como nos
EUA ou na Europa. Pode ser
que esteja beijando uma "serial
beijadora"."
O guia também classifica os
homens cariocas, divididos em
"surfista", "pitboy" , "novo hippie" e "don juan".
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