|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pressão faz Prefeitura de Goiânia desistir de Cohab para deficiente
Conjunto de 74 casas está pronto; diferentemente do projeto original,
15% dos imóveis irão para famílias sem portadores de deficiência
Resistência veio de parte
dos deficientes e de
entidades que os defendem,
que falam em segregação e
não querem criar um "gueto"
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Após construir um conjunto
de casas destinado exclusivamente a famílias de baixa renda
com ao menos um deficiente
entre seus integrantes, a Prefeitura de Goiânia voltou atrás.
O motivo: a oposição de parte
dos deficientes e de entidades
que os defendem, que não querem a criação de um "gueto".
Setenta e quatro casas acessíveis formam o residencial São
Geraldo. A prefeitura investiu
R$ 2,2 milhões na construção
dos imóveis, localizados em
uma área pertencente à Adfego
(Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás).
Há rampas de acesso para as
casas, e barras de apoio no banheiro. Pias e tanques tiveram
a altura reduzida.
Os imóveis podem ser usados
por famílias em que ao menos
um integrante tenha deficiência física, intelectual, auditiva e
visual. Idosos que tenham condições restritas de mobilidade
também fazem parte do público-alvo beneficiado.
"Segregação"
Janilda Lima, procuradora
do Ministério Público do Trabalho de Goiás, afirma que a
criação do residencial para deficientes na forma concebida
pela Prefeitura de Goiânia seria
uma maneira de segregar as
pessoas que lá morassem.
"A convenção dos direitos da
pessoa com deficiência da ONU
(Organização das Nações Unidas), publicada em 2007, diz
que essa pessoa tem de estar inserida no contexto social. Não
pode haver bairro específico.
Mesmo que não fosse o objetivo da prefeitura, é uma segregação", afirma a procuradora.
Autora de uma lei municipal
que estabeleceu cotas para pessoas com deficiência e idosas
em loteamentos populares de
Goiânia, a vereadora Cidinha
Siqueira (PT), que é cadeirante,
tem entendimento semelhante
ao da procuradora.
"A pessoa com deficiência
tem de estar dentro da sociedade, não em uma sociedade à
parte", afirmou.
Para a presidente do Conade
(Conselho Nacional da Pessoa
Portadora de Deficiência), Denise Granja, os imóveis deveriam "ser distribuídos para pessoas carentes, sejam elas com
deficiência ou não".
Mudança
Com a polêmica sobre o conjunto habitacional, no começo
do mês houve reunião com representantes da administração
municipal, Ministério Público
do Trabalho e entidades ligadas
à causa da inclusão social. No
encontro, ficou decidido que no
residencial São Geraldo também morariam famílias sem
deficientes.
Maria de Fátima Rodrigues
Carvalho, que é cadeirante e
presidente da Adfego, contesta
as críticas que foram feitas à
forma inicial do residencial.
Com a mudança, de acordo
com a Secretaria da Habitação
de Goiânia, cerca de 15% das 74
casas do residencial serão agora
ocupadas por famílias que não
tenham deficientes. Atualmente já há 70 famílias -com e sem
deficientes- morando no local.
Texto Anterior: Casal que trata da saúde com plantas vai expandir negócios Próximo Texto: Frases Índice
|