São Paulo, domingo, 16 de agosto de 1998

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Governo direciona temas de pesquisa

da Reportagem Local

As agências de fomento à pesquisa estão tentando implantar um novo modelo de produção de ciência no Brasil.
É o chamado modelo de indução, em que as agências criam linhas de pesquisa ou programas com uma proposta definida, sobre as quais os pesquisadores têm de desenvolver seus trabalhos.
"Saúde, informática e agricultura tendem a ser priorizadas. Na área de agricultura, temos tentado resolver gargalos em áreas cruciais para o país, como o caso da vassoura de bruxa, praga que atinge o cacau", diz José Galizia Tundisi, presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Esse modelo é o contrário do que predomina hoje em dia -o pesquisador apresenta um projeto de seu interesse e a agência financia caso ele seja aprovado.
A mudança tem dois objetivos interligados. Um é estimular o desenvolvimento de pesquisas em áreas consideradas estratégicas. O outro é otimizar a aplicação dos recursos, relativamente escassos.
Este ano, por exemplo, as duas agências federais cortaram 10% dos recursos para bolsas de estudo em consequência da política mais geral de contenção de gastos do governo federal.
O principal risco, avaliam especialistas, é desacelerar o ritmo de crescimento da pesquisa brasileira. Entre 80 e 95, o número de artigos publicados em revistas internacionais cresceu 1,2 vez acima da média mundial, segundo aponta um estudo feito a pedido do Ministério da Ciência e Tecnologia.
"O corte não pode ser abrupto. Em pesquisa regularidade é importante", diz o presidente da SBPC, Sérgio Henrique Ferreira.
Ainda por causa da falta de recursos, o setor empresarial passa a ser encarado como um parceiro efetivo a ser conquistado.
De acordo com o MCT, o setor privado responde por cerca de um terço dos investimentos em ciência e tecnologia no Brasil, participação que vem se mantendo estável ao longo da década de 90.
Nos últimos anos, o investimento federal em ciência e tecnologia permaneceu praticamente estável -R$ 4,5 bilhões. (MAv)


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