São Paulo, domingo, 16 de agosto de 1998

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EDUCAÇÃO
Formação atende ao mercado
Brasil só tem 7 mestrados profissionais

MARTA AVANCINI
da Reportagem Local

O Brasil tem, atualmente, sete mestrados profissionais em funcionamento no país e 15 processos para a abertura de novos cursos tramitando na Capes.
A legislação prevê desde 1965 a existência do mestrado profissional no Brasil, mas ele só se tornou uma realidade há três anos.
Em 1995, a Capes criou mecanismos que viabilizaram o surgimento de cursos de mestrado com o objetivo de formar profissionais para atuar no mercado de trabalho e não como pesquisadores, função do mestrado tradicional.
"Ainda é um processo quase experimental, mas a tendência é crescer muito", diz Rosana Arcoverde, coordenadora de acompanhamento e avaliação da Capes.

Exigências
A instituição que pretende criar um mestrado profissionalizante tem de cumprir uma série de exigências: os professores devem ter título de doutor, o aluno tem de apresentar um trabalho final (dissertação, desenvolver um produto etc) e o curso deverá contar com meios próprios de sustentação -a Capes não fornece bolsas de estudo para alunos desses mestrados.
Essas características tornam o mestrado profissional diferente da pós-graduação "lato sensu", com perfil mais próximo ao de um curso de especialização.
"Existe uma preocupação com pesquisa. É uma necessidade real do país para que a sociedade e as empresas elevem o grau de competência", diz Rogério Meneghini, assessor da área científica da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Interface
"O mestrado profissional permite um contato mais próximo com a realidade do setor produtivo. Ele faz uma interface", diz Hector Francisco Terenzi, pró-reitor de Pós-Graduação da USP, que pretende implantar os seus primeiros cursos desse tipo em 99.
A aproximação ocorre porque o novo tipo de mestrado tende a ser estruturado para atender demandas específicas de um setor.
É o caso da pós-graduação em engenharia elétrica da Universidade de São Paulo, que pretende criar um curso na área de geração de energia. "Um curso de engenharia elétrica seria muito genérico. Ele tem de atender necessidades bem definidas", diz José Roberto Cardoso, membro de comissão de pós-graduação da Escola Politécnica.
A articulação com o setor produtivo vai além do desenvolvimento de produtos e tecnologias: as empresas tendem a ser agentes que financiam esses programas.
"Os recursos estão escassos e a tendência da Capes é priorizar o doutorado. Então é preciso encontrar novas formas de financiar o mestrado", diz Lázaro Plácido Lisboa, coordenador da pós-graduação em controladoria e contabilidade da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) da USP.



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