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Polêmica tira cartilha de circulação
da Reportagem Local
A publicação de uma cartilha em
Campinas com orientações sobre
estupro, no ano passado, estimulou o debate sobre o tema bem antes do caso do maníaco do parque
do Estado.
A cartilha, distribuída pela delegacia da mulher de Campinas,
causou polêmica por sugerir, por
exemplo, que a mulher não reaja
ao estupro e que peça ao estuprador que use preservativo.
Vereadores do PT e entidades civis da cidade entraram com representação junto ao Ministério Público contra a distribuição dos 30
mil exemplares da publicação que,
segundo a delegada Teresinha de
Carvalho, já foi arquivada.
O argumento contra a cartilha
era baseado na premissa de que, se
seguida, a orientação poderia descaracterizar o crime de estupro e
facilitar a impunidade, já que ficaria difícil identificar o criminoso.
"Esse tipo de argumento é absurdo e machista. Não é porque a
mulher pede ao estuprador que
use camisinha que ela está consentindo com a agressão. Na maioria
das vezes, essas mulheres estão
sob ameaça de arma e não têm como escapar. Podem, pelo menos,
tentar se prevenir de doenças ou
de gravidez", diz a delegada.
Segundo ela, as mulheres que foram a delegacia comunicar um estupro depois de ter reagido ficaram muito mais machucadas que
as que não resistiram. Entre essas
últimas, algumas conseguiram
evitar o estupro, conta Teresinha.
"Um dos grandes prazeres do
estuprador é ver o pânico e a resistência da mulher. Quando ela não
reage e conversa com o agressor,
ele às vezes perde a vontade e desiste do estupro", diz a delegada.
A orientação de não reagir e
manter a frieza diante do estuprador é comum às delegadas da mulher ouvidas pela Folha, para
quem o fato de o estuprador ter
usado preservativo não descaracteriza o crime. "Nesse caso, não
haveria coleta de material, mas o
registro da ocorrência e a investigação do caso seriam feitos do
mesmo jeito", diz Celi Paulino.
As delegadas recomendam ainda
evitar lugares escuros e sem movimento, não pegar carona e desconfiar de propostas de pessoas
desconhecidas.
Uma dica importante, diz Celi, é
pedir credenciais e indicação de
prestadores de serviços, como encanadores e pedreiros.
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