São Paulo, domingo, 16 de agosto de 1998

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Interior denuncia casal que foge




da Reportagem Local

Um tipo de crime sexual considerado "em extinção" pelas delegadas da mulher na capital ainda é bastante denunciado no interior, mais que o estupro e as tentativas de estupro.
São os chamados crimes sexuais sem violência, geralmente denunciados pelos pais das vítimas, adolescentes que fugiram com os namorados -rapto consensual-, ou menores cujos pais acreditam terem sido seduzidas por alguém.
Segundo a delegada da mulher Celi Paulino Carlota, aparecem também enquadrados nesse tipo de crime casos como o de pais-de-santo ou pastores que simulam transe para fazer sexo com as mulheres.
Enquanto na capital o registro de crimes sexuais sem violência só é maior do que o de tentativas de estupro, no interior ele só é menor que o de atentado violento ao pudor (veja quadro acima).
Neste tipo de crime são enquadrados, além do uso da violência para obrigar a vítima a fazer sexo anal ou oral, outros tipos de contato físico violento -que excluem a penetração vaginal.
De acordo com a delegada Ana Lúcia de Souza Marques, de Araçatuba, no interior as pessoas se preocupam mais em denunciar esses dois tipos de crimes.
"Não tanto com a preocupação de que haja punição, porque é muito difícil haver punição nesses casos mais leves, como homens que passam a mão nas mulheres, mais comuns aqui. Estão preocupados com a moralidade. Principalmente os pais, que acham que a polícia vai resolver o assunto."
Na opinião da delegada de Campinas, Teresinha de Carvalho, "o pai que denuncia a fuga da filha com o namorado ou diz que ela foi seduzida está preocupado, principalmente, com a imagem dela."
Segundo ela, a preocupação dos pais com a imagem das filhas muitas vezes leva as famílias que vão às delegacias da mulher a situações constrangedoras.
"Alguns pais só descobrem que a filha não é mais virgem quando vão com elas comunicar um crime sexual. Sempre aparece um pai aqui querendo que a gente peça exame de virgindade para a filha, só para mostrar para a vizinha. É claro que não fazemos."
Os registros de crimes sexuais por categoria são feitos pelas Delegacias da Mulher. A Secretaria de Estado da Segurança Pública, que tem dados também dos distritos policiais, não faz essa divisão. (MGs)



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