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Interior denuncia casal que foge
da Reportagem Local
Um tipo de crime sexual considerado "em extinção" pelas delegadas da mulher na capital ainda é
bastante denunciado no interior,
mais que o estupro e as tentativas
de estupro.
São os chamados crimes sexuais
sem violência, geralmente denunciados pelos pais das vítimas, adolescentes que fugiram com os namorados -rapto consensual-,
ou menores cujos pais acreditam
terem sido seduzidas por alguém.
Segundo a delegada da mulher
Celi Paulino Carlota, aparecem
também enquadrados nesse tipo
de crime casos como o de
pais-de-santo ou pastores que simulam transe para fazer sexo com
as mulheres.
Enquanto na capital o registro de
crimes sexuais sem violência só é
maior do que o de tentativas de estupro, no interior ele só é menor
que o de atentado violento ao pudor (veja quadro acima).
Neste tipo de crime são enquadrados, além do uso da violência
para obrigar a vítima a fazer sexo
anal ou oral, outros tipos de contato físico violento -que excluem
a penetração vaginal.
De acordo com a delegada Ana
Lúcia de Souza Marques, de Araçatuba, no interior as pessoas se
preocupam mais em denunciar esses dois tipos de crimes.
"Não tanto com a preocupação
de que haja punição, porque é
muito difícil haver punição nesses
casos mais leves, como homens
que passam a mão nas mulheres,
mais comuns aqui. Estão preocupados com a moralidade. Principalmente os pais, que acham que a
polícia vai resolver o assunto."
Na opinião da delegada de Campinas, Teresinha de Carvalho, "o
pai que denuncia a fuga da filha
com o namorado ou diz que ela foi
seduzida está preocupado, principalmente, com a imagem dela."
Segundo ela, a preocupação dos
pais com a imagem das filhas muitas vezes leva as famílias que vão às
delegacias da mulher a situações
constrangedoras.
"Alguns pais só descobrem que
a filha não é mais virgem quando
vão com elas comunicar um crime
sexual. Sempre aparece um pai
aqui querendo que a gente peça
exame de virgindade para a filha,
só para mostrar para a vizinha. É
claro que não fazemos."
Os registros de crimes sexuais
por categoria são feitos pelas Delegacias da Mulher. A Secretaria de
Estado da Segurança Pública, que
tem dados também dos distritos
policiais, não faz essa divisão.
(MGs)
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