|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAIA JUSTA
Barrados no baile sofrem censura de estilo
O promoter Cacá Ribeiro costuma selecionar as pessoas das festas
Ivone Ferraz, 35, que não entrou de saia curta na casa noturna Love
ANTONINA LEMOS
da Reportagem Local
Você chega animado para uma
festa. Na entrada, dá de cara com
um recepcionista que olha para
você de cima a baixo e dá a sentença: "você não vai entrar". Para o
barrado, resta discutir com quem
o barrou ou voltar para casa .
A cena pode acontecer em vários
lugares. Clubes, bares e até companhias aéreas adotam a estratégia
de "selecionar" pessoas na porta
e barrar os que não estão vestidos
"de acordo" com o local.
Os critérios que fazem com que
alguém seja barrado são relativos.
A artista plástica Ivone Ferraz, 35,
foi barrada mês passado no clube
Lounge Love (uma das casas mais
badaladas de São Paulo). Segundo
a recepcionista da casa, ela estava
com a saia muito curta. Ivone se
revoltou. "Me senti humilhada."
Segundo o proprietário do clube, Ângelo Leuzi, "a casa quer ter
pessoas educadas, que respeitem
os outros". No caso de Ivone, Ângelo diz que ela estava "com a saia
muito curta e sentada de uma maneira não conveniente".
Leuzi afirma que a casa quer
abrigar "pessoas saudáveis e modernas, jovens, porém adultas".
Segundo ele, não existe a orientação de barrar por causa da roupa.
"Damos preferência às pessoas
que estão no clima da casa", diz.
O promoter Cacá Ribeiro é outro
que costuma selecionar as pessoas
das festas. "Não barro ninguém
específico, barro quem não tem
um perfil da festa."
Alguns produtores de festas assumem que barram de acordo
com a roupa que as pessoas estão
usando. É esse o caso de Beto Lago, um dos organizadores do Mercado Mundo Mix e promotor de
festas. "Os caretas não entram nas
minhas festas", diz. Beto acha que
está fazendo um bem para quem é
barrado. "Se ela entrasse na festa,
não ia se sentir bem."
Mas quem é barrado nunca fica
satisfeito. O VJ da MTV Rodrigo
Brandão, 25, foi barrado em um
show do Free Jazz do ano passado.
"Eu estava de cabelo solto, com
dread locks lilás (tipo de rolinhos), camiseta e bermuda." Foi
salvo por uma moça da casa que o
reconheceu. "Mas não acho certo
que as pessoas sejam barradas, você não pode saber como alguém é
só pela roupa", diz.
As roupas não causam confusão
só em clubes. O jornalista Aílton
Pimentel, 25, deixou de ter um up
grade (promoção) para a primeira
classe na United Airlines por estar
usando tênis. "Me avisaram que
eu iria para a primeira classe, mas
depois olharam para os meus pés e
falaram que eu não poderia ir por
estar usando tênis", diz Aílton,
que estava de terno Gucci.
Segundo as regras da companhia, não é permitido na primeira
classe uso de tênis, botas de estilo
militar e shorts.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|