São Paulo, domingo, 16 de agosto de 1998

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A GAROTA DA HORA

A mineira Fernanda Takai, 26, vocalista do Pato Fu, é uma garota infiltrada no clube do bolinha. Ela é a única mulher da banda e já se acostumou a ouvir todos os tipos de comentários canalhas dos 12 homens que viajam com o grupo pelo Brasil. "Nem ligo mais", diz.
Fernanda foi também a única garota líder de uma banda a concorrer ao Video Music Brasil, que foi realizado na última quinta-feira, em São Paulo.
O clipe de "Antes que Seja Tarde" foi indicado para quatro categorias: escolha da audiência, melhor videoclipe do ano, videoclipe pop e fotografia. O vídeo foi dirigido por Hugo Prata e teve os figurinos criados pelo estilista mineiro Ronaldo Fraga.
Ao mesmo tempo, a moça viaja em turnê de lançamento do seu quarto disco, "Televisão de Cachorro" - sempre acompanhada pelo marido, John, o vocalista do grupo.

O mundo do rock é machista?
É muito machista sim. No Brasil você vê muito mais bandas de meninos, falando sobre as coisas sob a ótica masculina. Lá fora já não é mais assim, existem muitas bandas de mulheres tendo destaque. Mas eu nunca senti o machismo na pele. Em geral, os caras são muito legais comigo.
Como é ser a única mulher no meio de tantos homens?
Eu já me acostumei. Na verdade, eu tenho mais amigos homens do que mulheres. No início eu ainda tentava discutir quando eles falavam algum absurdo, mas agora prefiro ficar na minha. Se bem que eu fico quieta mas fico atenta, ouço tudo que eles falam. Mas eles me tratam superbem. Não que eu tenha muitos privilégios, mas eles são cavalheiros, geralmente me deixam escolher o restaurante e ficar com o melhor quarto do hotel.
Como foi a gravação do clipe?
Foi muito legal. Gravamos em uma praia, com a participação de várias crianças. Elas gostaram tanto que tivemos de fazer uma fila para todos poderem participar. Mas fazer clipes é complicado, principalmente porque a gente não é ator. Mas ficamos muito satisfeitos com o resultado.
Você continua morando em Belo Horizonte?
Continuo. Para a gente que tem banda, é legal ter uma base. E é lá que estão os meus amigos e a minha família. Se bem que agora, em turnê, eu tenho ficado 20 dias por mês viajando.
Gosta da estrada?
Adoro. É a parte mais legal de ter uma banda. Tanto que quando a gente está em estúdio gravando discos, eu não vejo a hora de voltar. Gosto muito de viajar.
Como é ser casada com o John e ser da mesma banda que ele?
A gente tenta ser bem profissional e separar as coisas. Para a gente é normal porque nós nos conhecemos na banda. E tem um lado bom, que é o fato de a gente se ver muito. Os caras que viajam com a gente estão sempre reclamando de saudades da namorada. Mas tentamos não ficar muito juntos durante a turnê. Não ficamos andando de mãos dadas até para não ser chato para os caras da banda. Muitos fãs nem sabem que a gente é casado.
Acontece assédio por parte dos desavisados?
Às vezes sim, mas logo alguém dá um cutucão e fala: cuidado que ela é casada.
O relacionamento de vocês interfere na banda?
Acaba interferindo. Se a gente brigar, por exemplo, é claro que a banda vai sentir. Por mais que a gente seja profissional, nós somos humanos e sentimos as coisas.



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