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MASSACRE NO CENTRO
Eles controlariam venda de drogas e teriam atacado moradores de rua para eliminar membros do tráfico
Detidos 2 PMs suspeitos de ataque na Sé
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois policiais militares são
mantidos desde a noite de anteontem em prisão administrativa na Corregedoria da PM, sob a
suspeita de terem participado de
pelo menos um dos ataques a moradores de rua ocorridos em agosto no centro de São Paulo.
Até a noite de ontem, no entanto, nenhum pedido de prisão temporária havia sido apresentado ao
juiz Rui Porto Dias, da 1ª Vara do
Júri, segundo o Tribunal de Justiça. A prisão administrativa pode
durar quatro dias. A temporária,
em caso de homicídio, até 30.
"Se tiver policial, guarda municipal, seja quem for de autoridade, gari, é rua. É prisão. Isso é crime. Se tiver cargo público, vai para a rua, seja do Estado, do município ou da União", disse ontem
de manhã o secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro
Abreu Filho, durante uma solenidade de aniversário da própria
Polícia Militar.
Classificando como "razoáveis"
as provas reunidas até agora no
inquérito que apura o caso, o secretário reafirmou que espera ver
as investigações concluídas até o
fim de semana, conforme o prazo
que ele mesmo fixou publicamente na quinta-feira passada.
"Eu continuo confiando no prazo. Eu acho que vamos conseguir
cumpri-lo, acho que até este final
de semana a gente soluciona isso
de vez e descobre os autores", disse Abreu Filho.
"É claro que essa é uma visão
minha, do delegado de polícia,
mas há um juiz, há um sistema
penal que vai julgar a prova que
vamos apresentar. Na minha visão, até como promotor de Justiça
que sou, acho que o sistema de
provas está razoável."
Alvos
Os indícios reunidos até agora
pelo DHPP (Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa)
sugerem que os dois PMs suspeitos são comandantes da segurança clandestina e do tráfico de drogas em parte da região central.
Há alguns dias familiares de um
deles foram presos com dezenas
de pedras de crack.
"Isso [ataques] envolve grupos
ligados à segurança clandestina
ou que assumem a segurança
além daquilo que é papel deles",
afirmou o padre Júlio Lancellotti,
da Pastoral do Povo de Rua, que
esteve ontem no DHPP.
Por essa linha de investigação,
os policiais teriam promovido a
primeira onda de ataques, em 19
de agosto, para eliminar um dos
aviões do tráfico (pessoas que levam as drogas aos usuários), com
quem haviam se desentendido.
O alvo em questão era um dos
seis moradores de rua que morreram após as agressões daquela
madrugada. Outras cinco pessoas
ficaram feridas, entre elas um
amigo desse alvo, que segue internado em estado gravíssimo
-sem conseguir falar. As demais
vítimas teriam sido atacadas para
confundir as investigações.
"Quem mora na rua conhece o
funcionamento do submundo da
cidade. Tudo indica que havia um
ou dois alvos que sabiam demais.
Tráfico, extorsão. Aí eles atingiram outros para diluir a ação",
disse Lancellotti.
Os PMs teriam sido reconhecidos por foto por testemunhas.
Dois grupos
A polícia não sabe se os policiais
suspeitos têm ligação com a segunda onda de ataques nem
quantos seriam seus cúmplices,
mas diz ter indícios de que a segunda leva de agressões foi promovida por outro grupo.
"Não teve novo ataque, não.
Num primeiro momento, aí sim,
foi mais serial. Depois, um segundo momento de agressão menor.
Isso é que está sendo comparado
e que nós vamos solucionar", disse o secretário da Segurança.
Até agora, um dos suspeitos de
atuação na segunda onda de ataques é um segurança clandestino,
tio de um guarda-civil, cuja casa
foi revistada.
Um uniforme achado lá está
com a perícia para que se apure se
há vestígio de sangue.
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