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CÂMARA MUNICIPAL
Dez funcionários do gabinete do vereador do PC do B apresentaram a denúncia à presidência da Casa
Ademir da Guia é acusado de desviar salários
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
O vereador paulistano Ademir
da Guia (PC do B) é acusado de
reter para benefício próprio parte
do salário de funcionários que
trabalham em seu gabinete na Câmara Municipal. Ao todo, dez servidores dizem ter sido afetados
pelo esquema, que seria utilizado
para engordar o salário do parlamentar -de R$ 7.155 mensais.
Os funcionários foram ontem à
presidência da Câmara reclamar
da atitude de Ademir da Guia,
ídolo da torcida do Palmeiras e
considerado um dos maiores jogadores da história do futebol
brasileiro. Sem entrar em detalhes
de como seria feito o pagamento,
disseram que não tiveram a opção
de negar a ordem, pois a divisão
dos vencimentos teria sido uma
exigência do vereador do PC do B.
Esses funcionários assinaram
uma carta pedindo que a direção
da Câmara investigue a irregularidade. A carta, segundo a Folha
apurou, seria guardada na noite
de ontem em um dos cofres da
Casa, sob a vigilância de policiais
militares e de seguranças do próprio parlamento paulistano.
Os funcionários ainda disseram
que têm provas da acusação. Mas
não informaram quais seriam.
A assessoria de imprensa de
Ademir da Guia disse na noite de
ontem desconhecer a acusação.
Mas afirmou que ele vem enfrentando problemas de relacionamento com funcionários de seu
gabinete (leia texto nesta página).
O vereador não respondeu aos telefonemas da Folha.
Hoje, a carta com a assinatura
dos servidores deve ser enviada à
Corregedoria da Câmara, órgão
sob a responsabilidade do vereador Wadih Mutran (PP).
Segundo advogados criminalistas consultados pela Folha, se
houver provas contundentes contra o vereador, sua atitude pode
ser enquadrada como crime de
constrangimento, cuja pena prevê
detenção de 3 meses a um ano.
Procurado ontem para comentar o assunto, o presidente da Câmara, Roberto Tripoli (sem partido), não foi encontrado até o fechamento desta edição.
Benefícios
Cada vereador de São Paulo tem
direito a no máximo 18 funcionários em seu gabinete, com um
gasto mensal de até R$ 68 mil para
seus salários.
Também tem direito a um carro
oficial com 400 litros de combustível por mês, a 60 mil cartas e 600
telegramas por ano, 12 mil fotocópias, 12 mil cartões de visita, assinatura de jornais e uma revista,
além de linha de telefone com ramais e computador.
Carreira
Eleito para seu primeiro mandato de vereador, Ademir da Guia
iniciou a carreira política integrando o bloco de oposição ao
prefeito de São Paulo, José Serra
(PSDB). Até votou em Tripoli para ocupar a presidência da Casa,
em 1º de janeiro, quando o candidato do prefeito era o tucano Ricardo Montoro.
Após ser recebido por Serra,
palmeirense roxo, ele mudou de
atitude e recentemente tem votado com a base governista.
Primeiro suplente da Mesa Diretora da Câmara, Ademir também se notabilizou entre os colegas pelo grande número de parentes que empregou em seu gabinete: cinco. Ele nomeou sua
mulher, Sueli, o filho Namir, dois
irmãos e uma sobrinha de Sueli.
Questionado meses atrás se não
via um problema ético na contratação de familiares para ocupar
cargos em seu gabinete, ele disse
que parentes de sua mulher não
são parentes dele.
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