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CRIME ORGANIZADO
Foram presas sete pessoas e localizados milhares de dólares e euros atrás de uma parede falsa em operação no Rio
Polícia acha carne recheada com 2 t de coca
JOSÉ MESSIAS XAVIER
DA SUCURSAL DO RIO
Uma rede de distribuição de cocaína colombiana para a Europa
foi desmantelada, ontem, no Rio
de Janeiro, pela Polícia Federal,
que apreendeu cerca de duas toneladas da droga e localizou milhares de dólares e euros escondidos numa parede falsa.
Na operação Caravelas, foram
presas sete pessoas, entre elas o
empresário português do setor de
carnes Antônio dos Santos Damaso e José Antônio de Palinhos
Jorge Pereira, suposto dono de rede de restaurantes de luxo. Os advogados dos acusados não quiseram falar com a imprensa.
"Foi a maior apreensão de cocaína do Rio, e o Palinhos, dono
do Satyricon e da Capricciosa, era
o chefe da organização no Brasil",
disse Roberto Prel, delegado da
PF. Os restaurantes, localizados
na zona sul do Rio, são freqüentados pela classe média e a direção
dos estabelecimentos nega que
Palinhos esteja entre os donos.
No apartamento de Palinhos,
que usava o nome falso de George
Manuel de Paranhos Cohen, na
avenida Sernambetiba, na Barra
da Tijuca, os investigadores federais da Coordenação Geral de Polícia de Repressão a Entorpecentes encontraram, em uma parede
falsa, o que definiram como uma
"montanha" de euros, dólares e
reais. "Ainda não conseguimos
contar o dinheiro, pois o volume é
muito grande e chega aos milhares", disse o delegado Ronaldo
Magalhães. Até o fechamento
desta edição, haviam sido contabilizados US$ 680 mil (R$ 1,5 milhão) e 48 mil (ou R$ 135 mil).
A droga foi apreendida em um
depósito na rua da Cevada, no
Mercado São Sebastião, na Penha
(zona norte do Rio). A cocaína
com alto teor de pureza, que tinha
a marca dos cartéis colombianos
"capa preta", era escondida pela
quadrilha dentro de peças de bucho bovino, que seriam exportadas por navio, do porto do Rio,
para Portugal.
Os federais contaram 600 caixas
com peças da carne, totalizando
50 toneladas de bucho. Em algumas havia oito quilos da droga.
Estava escrito nos tabletes: "Toto,
100% pureza". A estimativa é que
sejam encontradas pelo menos
duas toneladas de cocaína.
A quadrilha, segundo a PF,
comprava cocaína na Colômbia,
enviava para o Paraná, Rio e Portugal. O quilo da droga era comprado a US$ 4.000 na Colômbia e
vendido a US$ 35 mil na Europa.
Para mandar a cocaína para Portugal, a quadrilha criou a empresa
Agropecuária da Bahia Ltda.
Também foram presos Rossini
Galdino de Souza, o Velho, dono
do depósito; o advogado Estilaque Oliveira Reis, que seria encarregado de preparar os documentos para exportação da quadrilha;
Márcio Junqueira de Miranda,
acusado de montar a operação de
colocar a cocaína dentro das carnes; Vania de Oliveira Dias, a Fabiana, secretária de Palinhos, que
movimentaria contas bancárias
para o grupo; e Carlos Roberto da
Rocha, o Tobe, suposto encarregado de preparar o envio da cocaína da Colômbia para o Rio.
Carlos é irmão de Luiz Carlos da
Rocha, o Cabeça Branca, que está
foragido no Suriname. Ambos
são ligados a Ivan Carlos Mendes
Mesquita, considerado o maior
traficante do país, que foi preso
ano passado no Paraguai e deportado para os Estados Unidos, onde cumpre pena.
Bruno Tolpiakow, que é da família dona das duas redes de restaurantes Satyricon e Capricciosa,
afirmou à Folha que Palinhos não
pertence ao quadro de sócios.
Segundo ele, Palinhos era apenas um freqüentador do Satyricon de Búzios. "Esses restaurantes são da minha família há 22
anos. Esse senhor não tem nenhum tipo de negócio conosco."
Os presos responderão a inquérito por tráfico de drogas, associação para o tráfico, formação de
quadrilha e lavagem de dinheiro.
Seus advogados não quiseram falar com a imprensa.
As maiores apreensões de cocaína no país ocorreram em 1984,
no Tocantins, com 7 toneladas, e
9,6 toneladas em 2003. Essa foi a
maior realizada no Estado do Rio.
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