DA SUCURSAL DO RIO

Quatorze policiais militares foram presos após serem filmados recebendo propinas do tráfico da favela da Coréia, em Senador Camará, zona oeste do Rio. Um outro policial identificado nas imagens está sendo procurado.
A fita obtida pela polícia tem duração de 30 minutos e foi editada reunindo vários dias de filmagens. As gravações foram realizadas em um bar abandonado na favela. Nas cenas, os policiais negociam e recebem a propina na frente dos moradores. Segundo a polícia, o homem que aparece entregando o dinheiro aos policiais é conhecido como Ceguinho, que não tem passagem pela polícia, mas seria ligado aos traficantes.
Entre os policiais presos, há um oficial (tenente), quatro sargentos, dois cabos e sete soldados. Um outro soldado identificado nas imagens ainda não foi preso pela polícia. Todos serviam no 14º Batalhão da Polícia Militar (em Bangu, zona oeste) durante a gravação das imagens, mas quatro já tinham sido transferidos. Os nomes foram mantidos sob sigilo.
O comandante da PM, coronel Hudson Aguiar, não deu detalhes sobre a origem da gravação. Ele disse apenas que as imagens foram obtidas pelo serviço reservado do batalhão. ""Foi lamentável. Mesmo assim, pretendemos cortar na nossa carne. Queremos agora encontrar a fita original para descobrirmos se há mais pessoas envolvidas", disse Aguiar.
De acordo o jornal ""Extra", que divulgou as imagens dos policiais recebendo dinheiro do tráfico ontem, há suspeitas de que teriam sido registradas por um oficial do Corpo de Bombeiros, que está preso sob acusação de contrabando de armas. O coronel bombeiro Walter dos Santos Paraíso foi preso em maio deste ano no Paraná e é acusado de fornecer munição a quadrilha do traficante Róbson André da Silva, o Robinho Pinga, líder do tráfico na favela. As primeiras filmagens começaram a ser gravadas há seis meses.
O juiz Marcius da Costa Ferreira, da Auditoria de Justiça Militar, decretou no início da noite de ontem, a prisão dos 15 policiais militares flagrados recebendo propina de traficantes. Eles podem ser condenados pelos crimes de concussão ou de corrupção passiva.
Além da expulsão da corporação, a pena pode chegar a até oito anos de prisão.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública informou que 592 policiais foram presos nos últimos sete meses pela operação Navalha na Carne. De 1999 até 2004, 950 policiais civis e militares foram expulsos das corporações.
A favela da Coréia é uma das mais violentas do Rio. Ela é controlada por Robinho Pinga, líder da facção criminosa TCP (Terceiro Comando Puro), dissidência do TC (Terceiro Comando), uma das mais antigas facções do Rio.
Em abril do ano passado, a polícia do Rio encontrou minas terrestres usadas em guerras na favela. Foi a primeira vez que este armamento foi descoberto no Rio. As minas estavam no subsolo de uma casa na favela.


Texto Anterior: Crime organizado: Polícia acha carne recheada com 2 t de coca
Próximo Texto: Drogas: Brasil volta aos 20 maiores do tráfico dos EUA
Índice