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LAVÍNIA ABRANCHES VIOTTI (1908-2008)
Entre os livros de Goethe e o piano
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Lavínia era amiga de Mário, que era amigo de Mozart.
Mozart casou-se com Lavínia, e Mário só está na história porque foi o responsável
por apresentar um ao outro.
Além da amizade com Mário de Andrade (1893-1945),
os dois tinham em comum a
paixão pela música. Lavínia
Abranches Viotti foi pianista. Mozart Camargo Guarnieri, assim como o gênio
austríaco que lhe influenciou
o nome, foi compositor -e
também pianista.
Casaram-se em 1930, ano
em que Getúlio subiu ao poder. Em 1931, tiveram Mário,
que volta à história, só que
agora para designar o único
filho que o casal teve. Quando o menino fez quatro anos,
os dois se separaram.
Com uma bolsa de estudos
do governo, Camargo Guarnieri foi a Paris em 1938. Morreu em 1993 com um câncer
na laringe. Mário viveu com a
mãe até 1960, quando se casou. Lavínia morou sozinha
até o fim da vida.
Exímia pianista, se apresentou na Europa, EUA, Argentina e Chile. Falava várias
línguas, com predileção para
o alemão. Traduziu para o
português mais de 30 livros,
como "Fausto", de Goethe.
Após morar mais de 20
anos em Campos do Jordão
(SP), voltou a São Paulo há
uns 15, e nunca mais tocou
piano, como lembra o filho,
sem saber por qual razão.
Dedicou-se aos livros nos
últimos anos. Morreu na
quinta, em São Paulo, aos cem
anos, de falência múltipla dos
órgãos. Deixou um filho, quatro netos e cinco bisnetos.
obituario@folhasp.com.br
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