São Paulo, terça-feira, 16 de setembro de 2008

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Lojas de grife sofrem onda de roubos e furtos em São Paulo

Dos 21 casos levantados pela Folha, 12 foram protagonizados por gangue que usa carros para arrombar estabelecimentos

Na madrugada de ontem, alvo foi loja de lingerie na rua Oscar Freire; casos ocorreram no Itaim Bibi, em Pinheiros e no Campo Belo


KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Lojistas de marcas de grife famosas no Itaim Bibi, em Pinheiros (ambos na zona oeste) e no Campo Belo (zona sul) sofrem uma onda de furtos e roubos desde maio. Na madrugada de ontem, o alvo foi a loja de roupas íntimas femininas Mari.M, na rua Oscar Freire, em Pinheiros.
Mais da metade dos 21 casos levantados pela reportagem na cidade teve a ação da "gangue da batida" ou "gangue da marcha a ré", como os policiais batizaram a quadrilha que usa carros para arrombar portões de aço das lojas na madrugada.
Depois de "estourar" o acesso, os ladrões invadem o estabelecimento e levam em poucos minutos roupas, tênis, relógios, óculos, calçados e até capacetes importados.
O grupo criminoso, composto por cerca de 20 pessoas entre 16 e 25 anos, segundo investigações da Polícia Civil e relatos de vítimas à Folha, está envolvido em 12 dos 21 casos.
Policiais civis relataram à reportagem ainda que os casos restantes foram cometidos por grupos que usam desde pés-de-cabra para arrombar portas até estilingues com bolinhas de chumbo ou velas de carro para quebrar vitrines.
No crime na Mari.M, quatro homens armados desceram de dois veículos, aparentemente roubados, e renderam o vigilante da rua. Depois, segundo testemunhas, quebraram a vitrine com velas de carro e furtaram 300 peças -em média, cada uma custa R$ 180. A ação durou menos de três minutos.
O alarme foi acionado, e a Polícia Militar chegou dez minutos depois, segundo funcionários de um estacionamento 24 horas em frente à loja. Ninguém foi preso até a noite.
"A situação está ficando insuportável", disse a dona da loja, Marilice Mariano da Rocha.
Levantamento da Folha, a partir de dados da polícia e de vítimas, aponta o Itaim Bibi com 14 casos de furto e roubo -metade teria sido praticada pela "gangue da batida". O número pode ser maior, pois há lojistas que não registram ocorrência. Alguns reclamam de falta de policiamento.
Além de dar queixa, Rodrigo Martinez, 32, dono da Alma de Praia, entregou à polícia cópia da fita com a invasão à loja de moda de praia pela gangue em 4 de junho. O vídeo mostra um carro em marcha a ré arrebentando o portão, às 3h45. Sete pessoas sem máscaras entram e levam R$ 40 mil em peças.
Em 19 de agosto, o mesmo grupo atacou uma loja da Adidas na rua Teodoro Sampaio, em Pinheiros. Oficialmente, nenhum integrante das quadrilhas foi preso. A polícia suspeita que os produtos levados vão para receptadores, que os revendem a um preço mais barato ou a lojistas concorrentes.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública informou que a polícia investiga os casos e realiza rondas ostensivas.


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