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Mesmo com lei seca, 1 em cada 3 mortos tinha bebido
Total de vítimas no trânsito na capital paulista caiu em julho em relação a 2007, diz IML
Para especialista, apesar de dados "animadores", é cedo para conclusões; governo estuda ampliar alcance
da lei para outras drogas
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo após a aprovação da
lei seca, praticamente uma em
cada três pessoas que morreram em acidentes de trânsito
na capital paulista em julho estava alcoolizada, de acordo com
dados do IML (Instituto Médico Legal). No total, porém, o total de mortes em acidentes caiu
pouco mais de um terço em relação a julho de 2007.
A conclusão é de um estudo
do grupo de pesquisa de álcool,
drogas e violência da Faculdade
de Medicina da USP, apresentado ontem em seminário com
autoridades e especialistas.
Embora tenha comemorado
a redução -atribuída à lei seca-, o pesquisador Julio Ponce, um dos autores do estudo,
reconhece que o percentual
ainda é alto. Ele observa, entretanto, que, em 2007, os mortos
no trânsito estavam alcoolizados em 45% dos casos.
"O resultado geral é positivo,
já que o período analisado começou apenas dez dias após o
início da lei [que entrou em vigor em 20 de junho]", pondera.
Os dados de agosto ainda não
foram fechados pelo IML.
Para o especialista em segurança do trânsito da UnB Paulo
César Marques, ainda é cedo
para tirar qualquer conclusão,
embora ele considere "animadores" os dados dos três primeiros meses da lei seca.
"É preciso aguardar para
comparar uma série maior. Os
números do trânsito no país
ainda são muito ruins", afirma.
A pesquisa aponta ainda redução das mortes no trânsito
em relação ao total -eram 15%,
em 2007; agora são 10%. Segundo Ponce, a lei tem reflexos
não só no trânsito mas também
em outros tipos de morte.
Ele cita como exemplo os homicídios. Em julho de 2007,
41% das vítimas haviam ingerido álcool. Neste ano, 28%.
A redução, entretanto, não é
regra: nas mortes por atropelamento, o percentual de alcoolizados subiu de 31% para 52%.
A lei prevê multa de R$ 955
para quem apresentar entre 0,1
mg/l e 0,29 mg/l de álcool no ar
expelido dos pulmões. Isso
equivale a um copo de chope.
A partir de 0,3 mg/l, o equivalente a dois copos de chope, o
motorista poderá ser preso.
Lei seca para drogas
Presente ao evento, o ministro José Gomes Temporão
(Saúde) afirmou que o governo
estuda criar uma espécie de "lei
seca" para outras drogas, como
anfetaminas e antidepressivos,
além de drogas ilícitas. Mas
ainda não há projeto pronto.
Dados preliminares da Senad
(Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas) mostram
que 2% dos motoristas tinham
usado maconha, 1,7% usaram
anfetaminas e 1,5%, cocaína,
menos de 24 horas antes de dirigir em rodovias próximas a
cinco capitais: Porto Alegre,
Florianópolis, Cuiabá, João
Pessoa e Maceió.
O estudo mostra ainda que
6% dos motoristas haviam bebido -metade em nível suficiente para ser considerado crime de transito. Para participar,
os motoristas não são obrigados a se identificar nem sofrem
qualquer punição.
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