São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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Corretor fala mandarim para atrair chinês

Com panfletos, classificados e vendedores fluentes no idioma, mercado imobiliário aproveita demanda oriental

"Chinês tem medo de ser enganado", diz o empresário John Lee Cheng, que viveu por dois anos em hotel

Marcelo Justo/Folhapress
Corretora atende chineses em estande de empreendimento voltado ao público asiático, na Aclimação (região central)

RAPHAEL VELEDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

Em um empreendimento na rua Almeida Torres, na Aclimação (região central de SP), uma corretora chinesa recebe os clientes falando em mandarim e distribui a eles panfletos no idioma.
A cena é um exemplo da atenção especial que o mercado imobiliário paulista tem dado ao público formado por compradores orientais, muito especialmente o chinês.
No condomínio da Aclimação, a aposta tem sido certeira. Ontem à tarde, a maior parte dos clientes em potencial tinha olhos puxados.
"Deu muito certo. Até 60% dos interessados que visitam nosso estande são de origem oriental", diz o corretor imobiliário Jefferson de Ávilla, que coordena a venda do empreendimento.
Serão 246 apartamentos com áreas que variam de 134 m2 a 212 m2, que poderão custar perto de R$ 1 milhão.
Zhao Nong, responsável pelos anúncios do jornal "Chinês da América do Sul", diz que nos últimos seis meses o número de propagandas de imóveis voltadas para os chineses disparou.
Para ela, um dos motivos para isso foi a anistia concedida pelo governo brasileiro no ano passado. "Muitos que estavam ilegais regularizaram a situação e agora podem comprar imóveis", diz.
O consultor imobiliário Bob Wei aponta outra razão: "Os chineses que vieram pra cá estão enriquecendo muito rápido e investindo", afirma.
"Há muitos pequenos empresários, que compram escritórios e apartamentos para investir. Mas há os grandes empresários que dizem: "Quero metade desse bloco"."
Muitos pagam à vista, em dinheiro vivo.
Wei aproveitou a boa onda de seus compatriotas e abriu uma imobiliária há cerca de dois meses para atendê-los.
Nesta semana, foi procurado por uma construtora que vai lançar dois empreendimentos com foco nos chineses, um na Vila Prudente, zona leste, e outro na Aclimação - bairro bastante procurado pelos orientais pela proximidade com o Brás, onde ficam os principais comércios da comunidade.

BARREIRAS
As facilidades fazem toda a diferença, dizem os clientes. "A língua é uma barreira muito difícil de superar. E chinês tem muito medo de ser enganado", diz o empresário John Lee Cheng, 55, no Brasil há 14 anos.
Ele viveu dois anos em um hotel. "Não me sentia seguro para comprar algo."
Luiz Gambi, do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) vê um risco: "Quando se dirige a venda, pode haver rejeição [de outros públicos]."


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