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Corretor fala mandarim para atrair chinês
Com panfletos, classificados e vendedores fluentes no idioma, mercado imobiliário aproveita demanda oriental
"Chinês tem medo de ser enganado", diz o empresário John Lee Cheng, que viveu por dois anos em hotel
Marcelo Justo/Folhapress
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Corretora atende chineses em estande de empreendimento voltado ao público asiático, na Aclimação (região central)
RAPHAEL VELEDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
Em um empreendimento
na rua Almeida Torres, na
Aclimação (região central de
SP), uma corretora chinesa
recebe os clientes falando em
mandarim e distribui a eles
panfletos no idioma.
A cena é um exemplo da
atenção especial que o mercado imobiliário paulista tem
dado ao público formado por
compradores orientais, muito especialmente o chinês.
No condomínio da Aclimação, a aposta tem sido certeira. Ontem à tarde, a maior
parte dos clientes em potencial tinha olhos puxados.
"Deu muito certo. Até 60%
dos interessados que visitam
nosso estande são de origem
oriental", diz o corretor imobiliário Jefferson de Ávilla,
que coordena a venda do empreendimento.
Serão 246 apartamentos
com áreas que variam de 134
m2 a 212 m2, que poderão custar perto de R$ 1 milhão.
Zhao Nong, responsável
pelos anúncios do jornal
"Chinês da América do Sul",
diz que nos últimos seis meses o número de propagandas de imóveis voltadas para
os chineses disparou.
Para ela, um dos motivos
para isso foi a anistia concedida pelo governo brasileiro
no ano passado. "Muitos que
estavam ilegais regularizaram a situação e agora podem comprar imóveis", diz.
O consultor imobiliário
Bob Wei aponta outra razão:
"Os chineses que vieram pra
cá estão enriquecendo muito
rápido e investindo", afirma.
"Há muitos pequenos empresários, que compram escritórios e apartamentos para
investir. Mas há os grandes
empresários que dizem:
"Quero metade desse bloco"."
Muitos pagam à vista, em
dinheiro vivo.
Wei aproveitou a boa onda
de seus compatriotas e abriu
uma imobiliária há cerca de
dois meses para atendê-los.
Nesta semana, foi procurado por uma construtora que
vai lançar dois empreendimentos com foco nos chineses, um na Vila Prudente, zona leste, e outro na Aclimação - bairro bastante procurado pelos orientais pela proximidade com o Brás, onde
ficam os principais comércios da comunidade.
BARREIRAS
As facilidades fazem toda
a diferença, dizem os clientes. "A língua é uma barreira
muito difícil de superar. E
chinês tem muito medo de
ser enganado", diz o empresário John Lee Cheng, 55, no
Brasil há 14 anos.
Ele viveu dois anos em um
hotel. "Não me sentia seguro
para comprar algo."
Luiz Gambi, do Secovi-SP
(Sindicato da Habitação) vê
um risco: "Quando se dirige a
venda, pode haver rejeição
[de outros públicos]."
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