UOL


São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Docente diz dar aula "por amor"

FABIANA CIMIERI
DA SUCURSAL DO RIO

A professora de português Iraylde Dutra Ferreira, 66, dá aulas há 42 anos em duas escolas da rede estadual do Rio. Para ela, hoje, a educação está pior do que quando começou a lecionar.
"Laboratório de ciências é uma coisa que não existe mais. Antes, tinha nas duas escolas em que eu trabalhava. Hoje não tem em nenhuma", disse a docente.
Se fosse pelos professores, disse, o ensino seria cada vez melhor. "Dou aula por amor. Se fosse pelo dinheiro, já teria saído há muito tempo", afirmou ela, que recebe R$ 2.124 de salário bruto, um dos mais altos do Estado.
Uma das escolas em que Ferreira trabalha, o Colégio Estadual João Paulo 2º, em Mangaratiba (município litorâneo a 70 km do Rio), não tem computadores para que os estudantes possam aprender informática.
Na outra escola, o Instituto de Educação Sarah Kubitschek (Campo Grande, zona oeste), há cerca de 20 computadores para pouco mais de 6.000 alunos. "Não são suficientes", disse ela.
A professora disse conhecer muitos colegas que usam o próprio salário para realizar atividades extra-classe. "Queremos qualidade. O professor continua interessado, mas o sistema e as condições de trabalhos estão muito ruins", afirmou Ferreira.
Para ela, uma das consequências do suposto descaso do governo pela educação é a desvalorização da figura do professor em sala de aula. Em sua opinião, atualmente, a maioria dos estudantes é muito indisciplinada e não respeita os docentes.


Texto Anterior: Ensino: Professor estuda mais, mas salário é baixo
Próximo Texto: Barrados na USP: USP proíbe "peruada" dentro de faculdade
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.