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Docente diz dar aula "por amor"
FABIANA CIMIERI
DA SUCURSAL DO RIO
A professora de português Iraylde Dutra Ferreira, 66, dá aulas há
42 anos em duas escolas da rede
estadual do Rio. Para ela, hoje, a
educação está pior do que quando
começou a lecionar.
"Laboratório de ciências é uma
coisa que não existe mais. Antes,
tinha nas duas escolas em que eu
trabalhava. Hoje não tem em nenhuma", disse a docente.
Se fosse pelos professores, disse,
o ensino seria cada vez melhor.
"Dou aula por amor. Se fosse pelo
dinheiro, já teria saído há muito
tempo", afirmou ela, que recebe
R$ 2.124 de salário bruto, um dos
mais altos do Estado.
Uma das escolas em que Ferreira trabalha, o Colégio Estadual
João Paulo 2º, em Mangaratiba
(município litorâneo a 70 km do
Rio), não tem computadores para
que os estudantes possam aprender informática.
Na outra escola, o Instituto de
Educação Sarah Kubitschek
(Campo Grande, zona oeste), há
cerca de 20 computadores para
pouco mais de 6.000 alunos. "Não
são suficientes", disse ela.
A professora disse conhecer
muitos colegas que usam o próprio salário para realizar atividades extra-classe. "Queremos qualidade. O professor continua interessado, mas o sistema e as condições de trabalhos estão muito
ruins", afirmou Ferreira.
Para ela, uma das consequências do suposto descaso do governo pela educação é a desvalorização da figura do professor em sala
de aula. Em sua opinião, atualmente, a maioria dos estudantes é
muito indisciplinada e não respeita os docentes.
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