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SAÚDE
Decisão em ação da OAB beneficia crianças e adolescentes com membros amputados no Hospital de Câncer de Barretos (SP)
Justiça obriga União a bancar próteses
KATIUCIA MAGALHÃES
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
A Justiça Federal de Ribeirão
Preto concedeu anteontem liminar que obriga o governo federal a
fornecer próteses a todas as crianças e adolescentes que tiverem
membros amputados por conta
de complicações causadas pelo
câncer no Hospital de Câncer de
Barretos (424 km de São Paulo).
O hospital atende cerca de cem
casos de tumor ósseo em crianças
e adolescentes por ano -metade
deles acaba em amputação. Hoje,
há oito crianças fazendo tratamento contra a doença.
O hospital, um dos principais
no tratamento do câncer no Brasil, atende cerca de 1.600 pacientes
por dia de todo o país, 98% deles
pelo SUS (Sistema Único de Saúde). No ano passado, recebeu
336.677 pacientes de 25 Estados.
A liminar foi concedida em ação
movida pela OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) de Barretos,
que alegou que a União não tem
cumprido o dever constitucional
de promover o acesso igualitário
aos serviços de saúde.
Caso o governo federal não entregue as próteses no prazo, que
será estipulado pelo corpo clínico
do hospital, será multado em R$
500 por dia para cada pedido. A
AGU (Advocacia Geral da União),
que vai recorrer, argumentou no
processo que caberia ao município a responsabilidade de fornecer as próteses.
Segundo a oncopediatra Erika
Boldrini, 34, um grupo de pediatras, psicólogos, fisioterapeutas e
moradores chegou a se unir em
junho para formar a Lacca (Liga
de Apoio às Crianças com Câncer
Amputadas), para arrecadar recursos para as próteses, que custam, em média, R$ 3.800.
De acordo com Boldrini, a liga
já beneficiou sete crianças e adolescentes e tem outras duas cadastradas, que ainda passarão por cirurgias. Em 60% dos casos, a amputação é feita nas pernas, na região do fêmur ou na da tíbia.
"A maior parte dos pacientes
vem dos Estados de Rondônia,
Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul, onde o diagnóstico é demorado, o que contribui para o avanço
da doença", diz Boldrini.
A prótese é considerada fundamental porque contribui para que
a criança tenha mais qualidade de
vida, diz a psicóloga do hospital,
Luciana Baggio Haikel.
"Fiquei muito triste quando eu
soube que precisaria amputar minha perna", disse o adolescente
M.N.X., 16, de Rondônia, que está
há dez meses fazendo tratamento
no Hospital de Câncer.
Ele amputou uma perna há uma
semana e já está na fila da Lacca à
espera de uma prótese.
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