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Prefeitura inicia despejo no Parque do Povo
Retirada das 82 famílias que ocupam irregularmente a área foi determinada pelo Tribunal de Justiça, a pedido do município
Terreno de 111 mil metros quadrados localizado em área nobre do Itaim Bibi deverá ser transformado
em um parque público
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeitura iniciou ontem o
despejo de 82 famílias instaladas irregularmente no Parque
do Povo, no Itaim Bibi, área nobre da zona oeste, numa área de
111 mil metros quadrados (o
parque da Aclimação tem 112
mil metros quadrados).
Ontem, tratores da prefeitura demoliam os imóveis assim
que eles eram desocupados. A
ação deve ser concluída hoje.
O despejo faz parte da operação de retomada da área ocupada irregularmente há cerca de
20 anos. A intenção é transformá-la em um parque público,
com campos de futebol, concha
acústica, bosque, ciclovia e
playground.
O investimento previsto é de
R$ 5 milhões, patrocinados por
uma empresa do ramo imobiliário que tem interesses em
empreendimentos na região.
Segundo o governo, não há contrapartida para o investimento
por se tratar de uma parceria
-como uma adoção de praça. O
metro quadrado na região está
estimado em até R$ 8.000.
O terreno pertence à Caixa
Econômica Federal e ao INSS,
que cederam ao município, por
20 anos, o seu uso.
Em janeiro do ano passado, a
prefeitura interditou a área e
iniciou a retirada de agremiações esportivas que exploravam comercialmente o local,
alugando quadras por R$ 100 a
R$ 150 ao mês.
Conseguiu retirar seis, mas
quatro delas permanecem, sob
força de liminares. "Do povo
mesmo, o parque só tinha o nome. Era totalmente explorado
comercialmente", disse o secretário das Subprefeituras,
Andrea Matarazzo.
Atualmente, ainda segundo o
secretário, cerca de 70% do local já foi desocupado. "Ele será
um novo parque da Aclimação", completou Matarazzo.
Em razão das questões jurídicas, não há previsão de quando o parque será concluído. A
expectativa, conforme o secretário, é um prazo de seis meses
após a saída de todas as agremiações.
De acordo com a prefeitura,
as famílias despejadas estão
sendo cadastradas para receber
auxílio de pagamento de aluguel ou de R$ 5.000 para procurar outro imóvel. O despejo das
famílias cumpre determinação
do Tribunal de Justiça, em ação
movida pela prefeitura.
Imbróglio
A ação do governo Gilberto
Kassab (DEM) de revitalizar o
Parque do Povo é, na verdade, a
retomada de uma iniciativa
anunciada pela prefeitura desde 1996, pelo então prefeito
Paulo Maluf (PP-SP).
Na época, porém, o anúncio
foi feito após a assinatura de
um acordo entre o município, a
Caixa Econômica Federal e o
INSS, mas faltava o aval do Ministério Público Federal.
A Procuradoria se opôs, entretanto, porque além da autorização de uso da área do parque, o acordo estipulava o valor
(R$ 73 milhões, não atualizados) a ser pago pela prefeitura
pela desapropriação de uma
área de 65 mil metros quadrados, de propriedade dos órgãos
federais (uma área que compunha a região do parque).
Os procuradores consideraram a proposta lesiva aos cofres
federais, já que o valor da área
era muito superior aos R$ 73
milhões (não atualizados) aceitos pelo INSS e pela Caixa.
Hoje, pelos cálculos da Justiça, essa indenização gira em
torno de R$ 1,6 bilhão. A prefeitura recorre da decisão.
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