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1/5 das grávidas sofre agressão doméstica, aponta pesquisa
Estudo ouviu 1.379 gestantes que faziam pré-natal em unidades de saúde de Campinas
Mulheres relatam ter sido
vítimas de espancamento e abuso sexual; ciúme e uso
de drogas são principais
motivos para violência
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Nem as grávidas escapam da
violência doméstica. Uma em
cada cinco é vítima de agressão
física, sexual ou psicológica durante a gestação. É o que mostra pesquisa feita na Unicamp.
No estudo, a enfermeira e
professora Celene Aparecida
Ferrari Audi entrevistou 1.379
gestantes entre 2004 e 2006.
De acordo com a pesquisa,
19,6% das entrevistadas afirmaram ter sofrido algum tipo
de violência durante a gestação.
As formas de violência relatadas pelas gestantes vão de espancamento, insulto, intimidação, humilhação, coação, pressão psicológica até abuso sexual por parte do parceiro.
Todas as gestantes foram ouvidas na pesquisa -desenvolvida para a tese de doutorado em
Saúde Coletiva na Faculdade
de Ciência Médicas- durante
acompanhamento pré-natal
em dez unidades públicas de
saúde na periferia de Campinas
(95 km de São Paulo).
"Fiquei surpresa com o alto
índice de mulheres que sofrem
alguma violência durante a gravidez. Imaginava que pelo menos durante a gravidez as mulheres fossem poupadas", diz a
Audi, que é mãe de dois filhos.
Houve relatos de gestantes
que levaram chutes na barriga.
"Uma outra sofreu uma tentativa de enforcamento", afirma.
Motivos
Na pesquisa, as grávidas disseram que os principais motivos para a violência contra elas
foram ciúme, falta de dinheiro
e uso de álcool e drogas por parte dos companheiros.
"Um dado preocupante é que
a maioria das mulheres agredidas não procura ajuda. Dizem
que foi a primeira vez ou que o
companheiro estava nervoso e
que isso [violência] jamais se
repetiria", diz Audi.
Os dados mostram que só
24,5% das grávidas agredidas
procuraram alguma ajuda, da
polícia, de familiares, de vizinhos ou de amigos.
As mulheres ouvidas pertencem às classes sociais C, D e E,
consideradas de baixa renda.
Nenhuma mulher ouvida disse
pertencer às classes A e B.
"Acredito que agressõe aconteçam em todas as classes."
Sobre a escolaridade, 50%
das que sofreram algum tipo de
agressão disseram ter estudado
até o ensino fundamental.
A pesquisa mostra ainda que
as grávidas que sofreram violência tiveram duas vezes mais
chances de apresentar infecção
urinária, falta de interesse sexual, problemas psicológicos e
sentimentos de rejeição.
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