São Paulo, terça-feira, 16 de outubro de 2007

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1/5 das grávidas sofre agressão doméstica, aponta pesquisa

Estudo ouviu 1.379 gestantes que faziam pré-natal em unidades de saúde de Campinas

Mulheres relatam ter sido vítimas de espancamento e abuso sexual; ciúme e uso de drogas são principais motivos para violência

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Nem as grávidas escapam da violência doméstica. Uma em cada cinco é vítima de agressão física, sexual ou psicológica durante a gestação. É o que mostra pesquisa feita na Unicamp.
No estudo, a enfermeira e professora Celene Aparecida Ferrari Audi entrevistou 1.379 gestantes entre 2004 e 2006.
De acordo com a pesquisa, 19,6% das entrevistadas afirmaram ter sofrido algum tipo de violência durante a gestação.
As formas de violência relatadas pelas gestantes vão de espancamento, insulto, intimidação, humilhação, coação, pressão psicológica até abuso sexual por parte do parceiro.
Todas as gestantes foram ouvidas na pesquisa -desenvolvida para a tese de doutorado em Saúde Coletiva na Faculdade de Ciência Médicas- durante acompanhamento pré-natal em dez unidades públicas de saúde na periferia de Campinas (95 km de São Paulo).
"Fiquei surpresa com o alto índice de mulheres que sofrem alguma violência durante a gravidez. Imaginava que pelo menos durante a gravidez as mulheres fossem poupadas", diz a Audi, que é mãe de dois filhos.
Houve relatos de gestantes que levaram chutes na barriga. "Uma outra sofreu uma tentativa de enforcamento", afirma.

Motivos
Na pesquisa, as grávidas disseram que os principais motivos para a violência contra elas foram ciúme, falta de dinheiro e uso de álcool e drogas por parte dos companheiros.
"Um dado preocupante é que a maioria das mulheres agredidas não procura ajuda. Dizem que foi a primeira vez ou que o companheiro estava nervoso e que isso [violência] jamais se repetiria", diz Audi.
Os dados mostram que só 24,5% das grávidas agredidas procuraram alguma ajuda, da polícia, de familiares, de vizinhos ou de amigos.
As mulheres ouvidas pertencem às classes sociais C, D e E, consideradas de baixa renda. Nenhuma mulher ouvida disse pertencer às classes A e B. "Acredito que agressõe aconteçam em todas as classes."
Sobre a escolaridade, 50% das que sofreram algum tipo de agressão disseram ter estudado até o ensino fundamental.
A pesquisa mostra ainda que as grávidas que sofreram violência tiveram duas vezes mais chances de apresentar infecção urinária, falta de interesse sexual, problemas psicológicos e sentimentos de rejeição.


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