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Deportado ficará com refugiados
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
O brasileiro João Herbert, adotado em 86 por uma família norte-americana, chega hoje a São
Paulo e irá ficar em um albergue
com mais 30 refugiados políticos,
a maioria de países da África.
Herbert, 22, está sendo deportado dos Estados Unidos por ter sido pego em 97 tentando vender
uma pequena porção de maconha
a um policial disfarçado em Ohio.
A vinda do brasileiro, que saiu
aos 7 anos de um orfanato paulista, é polêmica. Ele não fala português, não tem vínculos familiares
nem amigos no Brasil.
O local escolhido pelo Ministério da Justiça para ele ficar atende
1.120 moradores de rua, diariamente, além dos refugiados -encaminhados por entidades ligadas à ONU (Organização das Nações Unidas). ""Ele será um caso
todo especial aqui dentro", disse
ontem Antonio Palladino, presidente da casa Arsenal da Esperança, no Brás (centro).
Os moradores de rua podem
dormir no máximo 180 dias no local, período em que recebem comida, atendimento médico e frequentam cursos profissionalizantes, como computação e assentamento de blocos e azulejos.
Os refugiados seguem a mesma
rotina, só que podem ficar o dia
todo na entidade e durante o tempo necessário para que regularizem a permanência no país. Eles
ainda recebem ajuda de custo dos
órgãos que os encaminharam.
Até ontem, Palladino não sabia
dizer quanto tempo Herbert ficaria no abrigo. ""Podem ser seis meses ou um ano, mas acredito que
ninguém gostaria de ficar muito
tempo aqui, por melhor que fosse
o acolhimento", disse. No caso,
não há ajuda de custo prevista.
Durante sua estadia, o brasileiro
terá aulas de português e ficará a
maior parte do tempo em contato
com os refugiados que falam inglês como segundo idioma.
Amanhã, Herbert passará por
entrevista com assistente social
para definir quais cursos profissionalizantes tem interesse e como a entidade pode ajudá-lo a
montar sua vida no país.
Duas leis americanas são responsáveis pela expulsão dele.
A primeira, que trata de adoções, não garante cidadania americana às crianças no momento da
adoção, mas apenas se os pais pedirem a naturalização, o que não
ocorreu. A outra, diz que os estrangeiros condenados por qualquer crime serão deportados após
cumprimento da pena, sem direito a recorrer da decisão.
O brasileiro ficou 28 meses em
uma prisão norte-americana, embora a Justiça o tenha condenado
a prisão domiciliar pelo crime que
cometeu.
Após reportagens da Folha, a
Embaixada do Brasil em Washington tentou sem sucesso reverter a decisão.
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