São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

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Feriado chuvoso esvazia o litoral e lota os shoppings

Até as 17h de ontem, 140 mil carros passaram pelo sistema Anchieta-Imigrantes; em Finados, foram 220 mil veículos

No shopping Iguatemi, estacionamento vip ficou sem vagas; já na rua 25 de Março, a chuva fina afugentou parte da clientela

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quinze de novembro, chove sem parar no litoral e o paulistano vai para a... "praia". "O shopping é o programa em um dia assim. Vai fazer o quê?", pergunta a estilista Sofia, 26, que está no Iguatemi em pleno feriado. Diz que foi "só para acompanhar" a amiga Carolina Bussab, 26. "Abomino estar aqui em um feriado. Viajo todos os finais de semana para a praia."
É difícil imaginá-la de biquíni. Maquiada, vestido "comprado em Paris", bolsa Balenciaga e sandália muito alta azul turquesa Stella (McCartney), ela parece bem familiarizada com a "praia" local. Em volta, os "biquínis" são do mesmo naipe. Com a chuva, o movimento nas estradas caiu em relação a feriados anteriores. Até as 17h de ontem, 140 mil veículos passaram pelo sistema Anchieta-Imigrantes. O número é menos da metade da previsão da concessionária Ecovias, que espera a passagem de 300 mil a 500 mil veículos até o final do feriadão. Em Finados, 220 mil carros desceram a serra.
A chuva também afetou os aeroportos de Congonhas e Cumbica, que tiveram de operar por instrumentos no começo do dia. Os passageiros enfrentaram filas e atrasos -à tarde a situação melhorou.
A Folha foi da rua 25 de Março ao Iguatemi, passando por uma academia de ginástica, e comprovou o que os números adiantavam: havia engarrafamento até no aparelho de abdominal. "É programa de paulista [ir à academia no feriado]", diz a carioca Patrícia Diogo, 39, há 17 em São Paulo. Enquanto segue as instruções do "personal", Patrícia diz que adora a cidade e que já se acostumou com seu ritmo.
Na rua 25 de Março, espécie de "piscinão" popular, o ritmo foi menor que o de um feriado sem chuva, mas nenhum comerciante se queixou.
O pirateador de CDs conta, sem se identificar, que vendeu todas as cópias da trilha de "Tropa de Elite" (R$ 5). "Trouxe 50 peças, foi tudo." O soldado Forte, da PM, informa que, apesar da concorrência da chuva, "a 25 teve um bom movimento". E nenhuma ocorrência policial.
Do alto da ladeira Porto Geral só se vêem guarda-chuvas e transeuntes com capas de plástico (R$ 2). Um dos vendedores do modelo com capuz, João Xavier, 35, que em dias quentes trabalha com refrigerantes, diz que vendeu bem (50 capas).
Na Casa Shiva, a reportagem se pergunta o que uma loja de artigos indianos poderia lucrar em um feriado chuvoso.
"Você não sabe como o movimento foi bom hoje", diz a gerente Luciana Souza, 37. Ela explica que a chuva "limpa da rua quem vem só pra sassaricar, e abre caminho para o atacadista, que compra muito". Contrariando a tese do "sassarico", as amigas arquitetas Michelle, 30, e Talissa, 25, que vieram de Brasília para visitar a (Fundação) Bienal, confessam que incluíram a 25 em seu roteiro "só para se divertir". "Isso aqui é ótimo", dizem.
No outro lado da cidade, a "praia" dos muito ricos está fechada. "A Daslu não abriu", lamenta a empresária Márcia Zogbi, 50. Ela deixou de ir para seu haras em Itararé (330 km de SP) por causa da chuva. No shopping, não achou vaga no estacionamento vip.
"Tive de deixar o carro no posto. Disse pro homem: "Troca o óleo, a bateria, lava, faz o que quiser, mas eu preciso deixar o carro aqui", conta, acompanhada pela filha, Patrícia.


Colaboraram KLEBER TOMAZ e EVANDRO SPINELLI, da Reportagem Local e DANIEL RONCAGLIA

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