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Medicamentos para obesos combatem riscos, diz estudo
Pesquisa aponta perda mínima de peso e benefícios como redução de colesterol e pressão
Há também efeitos maléficos, como insônia, náuseas e até depressão; foram analisados 30 estudos com Xenical, Acomplia e sibutramina
DA REDAÇÃO
Três medicamentos para
emagrecimento, recomendados para uso a longo prazo, resultam numa perda mínima de
peso e trazem efeitos colaterais
importantes (tanto bons quanto ruins), segundo pesquisadores que analisaram vários estudos sobre eles.
Apesar de a maioria dos
usuários continuar acima do
peso, os especialistas afirmaram que os remédios podem
ajudar a conter os perigos da
obesidade, reduzindo os riscos
de doenças cardíacas, diabetes
e outros problemas de saúde.
Num estudo publicado hoje
no "British Medical Journal",
pesquisadores do Canadá e do
Brasil analisaram pesquisas sobre três drogas para redução de
peso: orlistat (Xenical), sibutramina (princípio ativo de alguns medicamentos) e rimonabanto (Acomplia).
Os cientistas descobriram
que os pacientes -homens e
mulheres de 45 a 50 anos com
cerca de 100 kg e índice de massa corporal 35 que as usaram
por um a quatro anos- perderam menos de 5 kg em média.
"Drogas não são a cura mágica e não são para todos", disse
Raj Padwal, da Universidade de
Alberta, no Canadá, um dos autores do estudo. "Mas, em alguns pacientes específicos, elas
trazem grandes benefícios."
O Xenical e a sibutramina são
vendidos no Brasil. Já o Acomplia recebeu uma recomendação para veto de um comitê de
especialistas do FDA, agência
que regula os medicamentos
nos EUA. No Brasil, ele teve a
comercialização aprovada pela
Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária), mas ainda não está nas farmácias porque seu fabricante, a Sanofi-Aventis, apresentará novos estudos buscando uma alteração
no preço, segundo a agência.
Os pesquisadores analisaram
16 estudos com Xenical que envolveram 10.631 pessoas. O medicamento, que impede a absorção de gordura, ajudou os
pacientes a perderem 3 kg, em
média. Mas também reduziu o
diabetes e melhorou os níveis
de colesterol e pressão sangüínea. Mais de 30% tiveram problemas de digestão e intestinais, como incontinência.
Nos dez estudos com sibutramina, os 2.623 participantes
perderam em média 4 kg e tiveram melhoras nos níveis de colesterol. Em mais de 20%, houve efeitos colaterais como elevação da pressão sangüínea, insônia e náuseas.
E em quatro estudos com o
Acomplia, as 6.365 pessoas perderam em média 5 kg. O medicamento também melhorou a
pressão sangüínea e os níveis
de colesterol, mas os riscos de
distúrbios de humor aumentaram em 6% dos pacientes.
Outro estudo também publicado hoje, na revista científica
"The Lancet" mostrou ainda
que o Acomplia aumenta os riscos de problemas psiquiátricos,
como depressão e ansiedade.
Relatório do FDA em junho
apontou que 26% dos usuários
do remédio desenvolveram sintomas como depressão, ansiedade e, em alguns casos, tendências suicidas.
Ganhos
Alguns especialistas afirmam
que os poucos quilos que os
medicamentos ajudaram os pacientes a perder compensam.
"Não estamos apenas combatendo a obesidade, mas os problemas que vêm com ela", disse
Susan Jebb, do Conselho de
Pesquisa Médica Britânico.
Para Bruno Geloneze, endocrinologista e pesquisador da
Unicamp, há benefícios adicionais. Todos ajudam a melhorar
o diabetes, por exemplo.
Quanto aos efeitos colaterais,
ele afirma que os resultados de
pesquisas clínicas devem ser
pensados "na vida real". "Em
pesquisas, os participantes têm
que tomar o remédio por um
tempo específico. Já em um
consultório, o médico pode retirar a substância do tratamento se perceber que o efeito negativo é maior que o positivo."
Ele diz também que o medicamento deve vir acompanhado de uma dieta e de exercícios
físicos. "Os participantes das
pesquisas perdem 4 kg ou 5 kg
pelo uso de remédios, mas também há os quilos perdidos em
razão da dieta e dos exercícios."
Segundo ele, os resultados da
pesquisa não devem fazer com
que os medicamentos sejam
vistos como algo negativo.
Facilidade enganosa
Outros experts se preocupam que o acesso fácil a drogas
para emagrecer dê às pessoas
um falso sentimento de segurança. "Vender remédios anti-obesidade além da conta vai
perpetuar o mito de que a obesidade pode ser resolvida simplesmente com uma pílula", diz
Gareth Williams, da Universidade de Bristol, na Inglaterra.
Com agências internacionais e MÁRCIO PINHO,
da Reportagem Local
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