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Diferenças raciais aumentam, diz estudo
da Reportagem Local
Do ponto de vista das crianças,
as desigualdades raciais estão aumentando no país. Desde 1980,
vem crescendo a diferença entre as
taxas de mortalidade infantil entre
brancos e negros. É o que mostra o
estudo "Diferenciais na mortalidade de menores de 1 ano segundo
raça: novas constatações", de Estela Garcia da Cunha.
A pesquisadora do Núcleo de Estudos da População da Unicamp
demonstra que a diferença entre
as taxas de mortalidade infantil
entre negros e brancos cresceu de
21% em 1980 para 40%, dez anos
depois.
Embora tenha pequenas diferenças metodológicas, o estudo de
Cunha é comparável ao do demógrafo Celso Simões, do IBGE. E os
dados referentes a 1996 mostram
que esse diferencial da mortalidade entre crianças de cor diferente
já chegou a 67%.
O problema é que, embora ambas as taxas estejam em queda, a
mortalidade entre crianças brancas está caindo mais rapidamente
do que a das negras e pardas.
Isso é, em grande parte, reflexo
de uma série de segregações a que
estão submetidos os pais e mães
das crianças negras.
Um segundo estudo feito por Simões mostra que em praticamente
todos os principais indicadores
socioeconômicos os negros estão
em desvantagem. A taxa de desemprego, por exemplo, é 22%
maior para as mulheres negras.
Entre os homens, o desemprego é
14% maior entre os negros. Os dados, nacionais, se referem a 1995.
A segregação é mais explícita na
comparação da renda. Entre as
mulheres brancas que fazem parte
da População Economicamente
Ativa, 61% têm renda até dois salários mínimos. Entre as negras esse
percentual é 1/3 maior: 81%.
Entre os homens a diferença
cresce ainda mais. Os negros com
renda até dois mínimos são 62%,
contra apenas 38% entre os brancos (diferença de 64%).
É na escolaridade, porém, que a
segregação chega a seu ápice. Há
mais do que o dobro de mulheres e
homens negros (118% e 117%, respectivamente) com menos de quatro anos de estudo do que brancas
e brancos. Mães pobres e com
pouca escolaridade correm mais
risco de desnutrição e hipertensão. A consequência, explica o
médico Marcos Drumond, são
gestações de alto risco.
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