São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

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São Paulo ganha um prédio por dia, e bairros mudam

De janeiro a setembro, lançamentos cresceram 75% na comparação com 2004

Para urbanistas, cidade deve incentivar ocupação das regiões centrais, que têm infra-estrutura e podem melhorar qualidade de vida

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na esquina das ruas Maria Figueiredo e Tutóia, na Vila Mariana (zona sul), um prédio de 22 andares e 44 apartamentos dá o tom da expansão recorde do mercado imobiliário de São Paulo, que vive um momento de ebulição próximo da euforia. Todas as unidades, que custavam de R$ 685 mil a R$ 1,4 milhão, foram vendidas em menos de duas horas.
Hoje, surge um novo prédio por dia na cidade. Entre janeiro e setembro deste ano, o número de lançamentos cresceu 75% em relação ao mesmo período de três anos atrás. Foram 30.468 apartamentos lançados na região metropolitana nos primeiros nove meses de 2007, contra 17.373 em 2004, segundo a consultoria Embraesp.
Na liderança da construção está o Butantã (zona oeste), que teve 2.089 apartamentos lançados. Além de grandes áreas verdes e de mata na região (como na USP e no Instituto Butantã), o bairro terá duas estações de metrô, a serem inauguradas em 2009 e 2012.
Na seqüência, vem o Morumbi (zona sul), bairro que mais cresceu em área construída e o segundo em número de apartamentos lançados em 2006. No acumulado de dez anos, é o que mais concentra novas construções, diz a Embraesp.
Em 20 anos, o bairro ganhou 8,3 milhões de m2 de área construída sobre 2,8 milhões de m2 de terreno.
O crescimento atinge bairros com perfis tão diferentes como Tatuapé, Vila Prudente (ambos na zona leste), Vila Mariana e Santo Amaro (estes na zona sul). E a mudança já muda a cara desses bairros. Tatuapé e Santo Amaro, por exemplo, ex-zonas industriais, passam por mudança de padrão socioeconômico e de classe social.
No Tatuapé, o shopping homônimo servido pelo metrô acaba de ser expandido em 180 lojas, ao custo de R$ 80 milhões. Até março, a cidade ganhará mais cinco shoppings. No outro lado da capital, no Butantã, o condomínio Horizontes, no nº 942 da av. Escola Politécnica, vai mudar a cara da vizinhança e criar um paredão de 28 andares. Todas as sete torres têm vista para a USP.
O aspecto positivo dessa mudança, apontam os urbanistas, é o crescimento da cidade compacta, com adensamento mais próximo das regiões centrais.
"Crescer onde há infra-estrutura é uma regra de ouro para o planejamento urbano preocupado com a qualidade de vida da população", diz a urbanista Regina Meier, da USP.
Em 1927, quando se estabeleceu como barbeiro na Vila Mariana, Francisco Villano, 91, corria para a janela quando passava um carro. "O resto era charretes", afirma. "Não acho o crescimento do bairro ruim."
"A multiplicação de condomínios nos bairros é positiva, reduzindo os deslocamentos da população. A contrapartida é a necessidade de investimentos em transporte público, tirando os carros da rua", diz Paulo Lisboa, da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura.


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