|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
São Paulo ganha um prédio por dia, e bairros mudam
De janeiro a setembro, lançamentos cresceram 75% na comparação com 2004
Para urbanistas, cidade deve
incentivar ocupação das
regiões centrais, que têm
infra-estrutura e podem
melhorar qualidade de vida
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Na esquina das ruas Maria
Figueiredo e Tutóia, na Vila
Mariana (zona sul), um prédio
de 22 andares e 44 apartamentos dá o tom da expansão recorde do mercado imobiliário de
São Paulo, que vive um momento de ebulição próximo da
euforia. Todas as unidades, que
custavam de R$ 685 mil a R$ 1,4
milhão, foram vendidas em
menos de duas horas.
Hoje, surge um novo prédio
por dia na cidade. Entre janeiro
e setembro deste ano, o número de lançamentos cresceu 75%
em relação ao mesmo período
de três anos atrás. Foram
30.468 apartamentos lançados
na região metropolitana nos
primeiros nove meses de 2007,
contra 17.373 em 2004, segundo a consultoria Embraesp.
Na liderança da construção
está o Butantã (zona oeste), que
teve 2.089 apartamentos lançados. Além de grandes áreas verdes e de mata na região (como
na USP e no Instituto Butantã),
o bairro terá duas estações de
metrô, a serem inauguradas em
2009 e 2012.
Na seqüência, vem o Morumbi (zona sul), bairro que mais
cresceu em área construída e o
segundo em número de apartamentos lançados em 2006. No
acumulado de dez anos, é o que
mais concentra novas construções, diz a Embraesp.
Em 20 anos, o bairro ganhou
8,3 milhões de m2 de área construída sobre 2,8 milhões de m2
de terreno.
O crescimento atinge bairros
com perfis tão diferentes como
Tatuapé, Vila Prudente (ambos
na zona leste), Vila Mariana e
Santo Amaro (estes na zona
sul). E a mudança já muda a cara desses bairros. Tatuapé e
Santo Amaro, por exemplo, ex-zonas industriais, passam por
mudança de padrão socioeconômico e de classe social.
No Tatuapé, o shopping homônimo servido pelo metrô
acaba de ser expandido em 180
lojas, ao custo de R$ 80 milhões. Até março, a cidade ganhará mais cinco shoppings.
No outro lado da capital, no
Butantã, o condomínio Horizontes, no nº 942 da av. Escola
Politécnica, vai mudar a cara da
vizinhança e criar um paredão
de 28 andares. Todas as sete
torres têm vista para a USP.
O aspecto positivo dessa mudança, apontam os urbanistas,
é o crescimento da cidade compacta, com adensamento mais
próximo das regiões centrais.
"Crescer onde há infra-estrutura é uma regra de ouro para o planejamento urbano
preocupado com a qualidade
de vida da população", diz a urbanista Regina Meier, da USP.
Em 1927, quando se estabeleceu como barbeiro na Vila
Mariana, Francisco Villano, 91,
corria para a janela quando
passava um carro. "O resto era
charretes", afirma. "Não acho o
crescimento do bairro ruim."
"A multiplicação de condomínios nos bairros é positiva,
reduzindo os deslocamentos
da população. A contrapartida
é a necessidade de investimentos em transporte público, tirando os carros da rua", diz
Paulo Lisboa, da Associação
Brasileira dos Escritórios de
Arquitetura.
Texto Anterior: Gilberto Dimenstein: Um dia inesquecível Próximo Texto: Frases Índice
|