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Morador espera 4 horas por atendimento no Pantanal
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A região do Pantanal, na zona
leste de São Paulo, sofre com
doenças causadas pela inundação que persiste há oito dias,
desde a tempestade do dia 8.
Vômitos, diarreia, febre, dores
no corpo e sintomas "estranhos" estão entre os problemas
relatados pelos moradores.
Eles se queixam da espera de
até quatro horas para serem
atendidos na AMA (Atendimento Médico Ambulatorial)
do Jardim Romano, área mais
afetada pela cheia do rio Tietê.
A grande preocupação dos
moradores é contrair doenças
mais graves, como a hepatite A
e a leptospirose (transmitida
pela urina de ratos). A presença
de esgoto na água aumenta esse
risco.
A Secretaria Municipal da
Saúde e o Hospital Santa Marcelina -o principal da região-
disseram ontem que essas
doenças não foram detectadas
até o momento nos pacientes
que procuraram os serviços.
Os moradores, contudo, dizem ter dúvidas sobre o que
realmente têm. A auxiliar de
limpeza Priscila Cristina Gomes conta que seu filho Alisson, 9, ficou com a boca inchada
e apresentou febre. "Ele brincou na água suja e no outro dia
ficou doente", diz ela, que esperou uma hora pelo atendimento na AMA Jardim Romano.
Já a dona de casa Maria Claudete de Matos afirma que ficou
três horas na AMA com a sobrinha Ingrid, 8, que teve vômito e
febre. Segundo ela, as esperas
são comuns na unidade.
Na sexta-feira, a situação era
pior, de acordo com a dona de
casa Josefa Brito. Ela ficou quatro horas na AMA até ser medicada. "Ficam dois médicos
atendendo e não dão conta."
Limpeza
Para evitar a proliferação de
doenças, os moradores se
apressam em limpar suas casas
conforme a água vai retrocedendo. Ontem, era comum ver
vários deles lavando o chão da
calçada, as paredes das residências e tirando de casa os móveis
destruídos pela enchente.
"Tive que comprar um galão
de cinco litros de cloro, álcool,
sabão em pó, desinfetante",
contou a moradora Vânia Souza, 42. Ela comemorava o fato
de, após uma semana, poder
sentir de novo o cheiro de limpeza, em vez do odor do esgoto.
Já Maria Auxiliadora Souza,
51, jogava fora sofá e outros
itens que havia perdido. Ela
conseguiu salvar apenas um
botijão de gás e um televisor da
água que permaneceu até a noite de anteontem em sua casa.
Outro lado
A Prefeitura de SP afirma que
o atendimento na região "está
sendo garantido". Segundo Nilza Piassi Bertelli, coordenadora
de saúde da zona leste, o público que visita as sete unidades
de saúde da região do Pantanal
não aumentou após a enchente.
Ela afirma que o morador
que relata espera pode estar se
referindo a todo um processo,
que começa em uma avaliação,
passa por consulta, realização
de exame, retorno e medicação,
o que não é feito de imediato.
Ainda segundo a coordenadora, as AMAs trabalham com
equipes completas -três clínicos e dois pediatras.
As unidades ofereciam ontem aos moradores da região
folders com informações sobre
a leptospirose.
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