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JOSÉ GUILHERME FERREIRA
(1965-2009)
MC Pelé, autor do funk "Namorar Pelado"
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Atrás de serviço, José Guilherme Ferreira subiu em sua
moto e partiu para Porto Seguro (BA) com apenas R$ 300
e uma mochila nas costas. Já
sabia quem procurar.
Nos primeiros dias, não teve sucesso nos contatos. Dormiu em cabana de praia,
usando espreguiçadeira como
cama, e embaixo de palco. Até
que arrumou um trabalho no
Axé Moi, famoso complexo de
lazer na cidade.
Segundo dona Graça, proprietária do local, ninguém
sequer sabia o que José Guilherme fazia, mas ele demonstrava ter iniciativa.
Geleia, um dos produtores,
diz que o rapaz propôs dar aulas de funk para idosos. Fez
sucesso, e o público passou a
ser de todas as idades.
Chamavam-no de Pelé,
apelido recebido quando, moleque, lavava carros nas ruas
de Belo Horizonte usando a
camisa 10 da seleção.
Criado na favela da Ventosa, em BH, foi engraxate e
vendedor de picolé. Gostava
de dançar e sempre aparecia
em TVs e rádios locais -trabalhou em algumas delas.
No Axé Moi, começou a
compor, e muitas de suas músicas ficaram famosas. Entre
tantas, é autor de "Beija, Beija, Tá Calor, Tá Calor", "Piriguete" e "Namorar Pelado",
que diz: "Beijo na boca é coisa
do passado/ A moda agora é/
É namorar pelado".
Fez shows dentro e fora do
país. Na semana passada, chamaram-no para cantar no
Uruguai. Morreu quinta, aos
44, de câncer de estômago.
Ele não falava sobre a doença.
Deixa duas filhas.
coluna.obituario@uol.com.br
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