São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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Casa é a "ilha de segurança" dos que têm renda maior

Segundo o IBGE, 82,8% de brasileiros que ganham mais que cinco salários se sentem seguros onde moram

59,4% das casas tinham algum dispositivo de segurança em 2009; nas áreas urbanas, índice de uso subiu para 64,9%


ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO

DO RIO

Mesmo vizinha de um edifício que sofreu arrastão recentemente, a paulistana Janette Tavano Bacal, 43, sente-se segura quando atravessa os dois portões que a separam da avenida Higienópolis, onde mora em um condomínio de classe média alta na região central da capital.
"Eu me sinto segura dentro de casa, mesmo sendo uma ilusão, já que não há segurança em lugar nenhum", diz a jornalista.
Janette faz coro com os 82,8% de brasileiros que têm renda per capita maior que cinco salários mínimos. Eles se sentem seguros em casa, segundo pesquisa realizada pelo IBGE. Na mesma faixa de renda, 41,4% sentem-se seguros em relação à cidade onde vivem.
A sensação de segurança de Janette é dada por medidas básicas, como o controle de entrada de pessoas e carros do condomínio, feito por uma barreira de dois portões.
Segundo a pesquisa do IBGE, 59,4% das residências no país tinham, em 2009, algum dispositivo de segurança. Na área urbana, a presença sobe para 64,9%. A grade é a mais comum em casas, e o olho mágico, em apartamentos.
"Os investimentos em segurança são altos entre os que têm mais renda. Aquilo que era segurança com investimento pequeno há algum tempo já virou padrão.
Trancas, ferrolhos e grades, por exemplo. Chegando ao cúmulo dos condomínios fechados", analisa o sociólogo Gláucio Soares.

ESTRESSE
A busca por mais segurança fez Janette se mudar para um condomínio na Granja Viana. Por seis anos ela viveu em uma das 500 casas do lugar, cercadas de verde e vigiadas por seguranças.
A tranquilidade durou até o ano passado, quando a família decidiu retornar ao antigo apartamento em São Paulo. "Estávamos cansados do estresse diário para chegar em casa por estradas inseguras", conta Janette.
Temiam os frequentes assaltos e sequestros relâmpados na Raposo Tavaves e na estrada secundária que dava acesso ao condomínio. "Dentro dos muros, eu me sentia segura", recorda-se ela.

Colaboraram ITALO NOGUEIRA e JANAINA LAGE


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