|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONTAS PÚBLICAS
Valor atualizado devido por ex-prefeito a fornecedores é R$ 530 milhões inferior ao de governo petista
Déficit deixado por Marta supera o de Pitta
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O déficit de R$ 1,9 bilhão do último ano de gestão da ex-prefeita
de São Paulo Marta Suplicy (PT),
segundo balanço da nova gestão
revelado pela Folha e confirmado
ontem pela Secretaria das Finanças, supera as dívidas com fornecedores deixadas pelo ex-prefeito
Celso Pitta (1997-2000).
Tão logo assumiu o governo, o
então secretário das Finanças de
Marta, João Sayad, anunciou um
débito de R$ 970 milhões com fornecedores para o qual não havia
dinheiro em caixa. A gestão petista teve de renegociar e parcelar os
pagamentos aos credores.
Levada em conta a inflação do
período (IPCA), a dívida com fornecedores deixada por Pitta equivaleria hoje a R$ 1,37 bilhão,
R$ 530 milhões a menos do que o
déficit deixado por Marta,
de acordo com o prefeito José Serra (PSDB).
Pitta acabou recorrendo a uma
manobra contábil para fechar no
azul, segundo denunciou na época a equipe de Marta.
O ex-prefeito também cancelou
empenhos no final da gestão e
computou como dinheiro deixado em caixa um resgate de receita
do Estado de R$ 506 milhões, em
valores da época. O problema é
que o resgate de receita nem sequer havia sido julgado pelo Tribunal de Justiça.
Marta
Assim como Pitta contestava
Marta, a petista também contesta
o balanço de Serra. A ex-prefeita
sustenta ter deixado uma dívida
com fornecedores de R$ 375 milhões e um saldo em caixa para
pagá-la de R$ 376 milhões. Nas
contas de Marta, portanto, sua
administração fechou no azul.
Os assessores de Marta dizem
ainda que Serra foi beneficiado
pela a entrada em caixa nos primeiros dias do ano de R$ 166 milhões, dinheiro obtido com um
precatório, a venda de um terreno
e de emendas da Câmara dos Deputados para o município.
Especialista em finanças públicas, o economista Raul Velloso
diz que, em 2000, quando Pitta
deixou a prefeitura, o item da Lei
de Responsabilidade Fiscal que
impede o governante de deixar
dívida ao sucessor sem deixar dinheiro em caixa para saldá-la ainda não valia para os municípios.
Agora, com a lei fiscal em vigor,
compete ao Tribunal de Contas
do Município comprovar ou não
se houve irregularidades no fechamento das contas de Marta.
O balanço de Serra aponta ainda outros supostos dribles à lei fiscal. Segundo a nova administração, Marta cancelou empenhos
(reserva orçamentária) de serviços realizados por fornecedores.
A Secretaria das Finanças informou ontem que todos os empenhos cancelados -cerca de
8.000- serão publicados na edição de amanhã do "Diário Oficial" do município. Os credores
terão até o próximo dia 31 para
solicitarem o pagamento das dívidas canceladas. A prefeitura vai
saldá-las parceladamente e com
desconto.
Outro problema apontado pelo
balanço da nova administração é
a falta de reconhecimento de despesas realizadas. De acordo com
levantamento feito pela equipe de
Serra, R$ 278 milhões foram gastos pela prefeitura sem que fosse
feito qualquer reconhecimento
formal no Orçamento. A equipe
de Marta nega que isso tenha
ocorrido.
Texto Anterior: Rio: Menina morre após passar mal em praia Próximo Texto: Radar funcionou mesmo sem verba Índice
|