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Radar funcionou mesmo sem verba
DA REPORTAGEM LOCAL
A gestão Marta Suplicy (PT)
deixou de empenhar (reservar no
Orçamento) no ano passado recursos para pagar as empresas de
radares fotográficos de fiscalização da velocidade, num montante
estimado em R$ 9 milhões.
Esse é um dos exemplos de contrato em que os serviços foram
executados mesmo sem reconhecimento formal de gastos da prefeitura. Segundo balanço da nova
administração, as despesas realizadas em 2004 sem empenhos
chegam a R$ 278 milhões.
A manobra é proibida pela Lei
de Responsabilidade Fiscal. A ex-prefeita nega que tenha deixado
de reconhecer qualquer despesa.
Em outubro, a quantia orçada
para as operadoras de radares se
esgotou. A continuidade do serviço até 31 de dezembro dependia
da verba extraordinária, a ser repassada pela Secretaria dos
Transportes para a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
O caso foi motivo de reuniões
entre representantes da Secretaria
das Finanças, um assessor direto
de Marta e as empresas nas duas
últimas semanas de novembro.
Técnicos da CET temiam as
conseqüências jurídicas de manter um serviço sem empenhar a
verba para pagamento das empresas e, até mesmo, a validade
das infrações por excesso de velocidade detectadas no período pelos aparelhos fotográficos.
Um executivo de uma das empresas chegou a dizer à Folha que
se considerava clandestino, por
manter os radares sem haver reserva orçamentária formal.
O impasse levou Mauricio Régio, responsável pela assessoria de
segurança no trânsito da CET, a
enviar uma carta às operadoras
no dia 3 de dezembro, comunicando a suspensão dos serviços a
partir da 0h do dia 6. O documento foi obtido com exclusividade
pela reportagem e dava como justificativa oficial a falta de renovação do contrato com a Secretaria
dos Transportes, que libera recursos para a CET fornecer o serviço.
A repercussão negativa da divulgação do fato -já que a ausência dos radares tenderia a aumentar as mortes no trânsito-
levou a gestão Marta a pressionar
as empresas pela continuidade
dos serviços, mesmo sem haver
empenho dos R$ 9 milhões. Os
aparelhos fotográficos, então,
continuaram funcionando.
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