São Paulo, quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

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Surpresos, conselheiros criticam decisão

Eles souberam que estavam destituídos do Cetran ao chegar à reunião; decisão foi unilateral, disse uma conselheira

Nenhum dos conselheiros, entretanto, disse ter intenção de contestar a destituição ou esperança de ser reconduzido à função

RICARDO SANGIOVANNI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Foi uma surpresa para quase todos os conselheiros que chegaram para a reunião semanal do Cetran: desde ontem, eles não ocupavam mais a função. Quase todos porque apenas um sabia da destituição: o delegado Renato Funicello, representante da Secretaria de Segurança Pública e presidente do conselho.
Ele estava com o "Diário Oficial" do Estado, periódico em que a decisão foi publicada, nas mãos. "Não vai ter reunião. Não tem mais conselho. Não sou mais presidente", afirmou.
Entre os destituídos, a maioria, de forma velada ou aberta, criticou a decisão do governo. Nenhum dos conselheiros, entretanto, disse ter intenção de contestar a destituição ou esperança de ser reconduzido.
"Esperava dele [governador José Serra] o que se espera de um democrata: que nos procurasse para conversar. Somos a favor do rodízio, mas com sinalização. Foi uma decisão unilateral", disse Olga Salomão, a mais exaltada. Ela representava os municípios com mais de 500 mil habitantes.

Indignação
Ainda que de modo discreto, os comentários denunciavam indignação. O clima era de um certo ar de velório, com cochichos no canto da sala.
"Maravilha. Quem mandou começar a atrapalhar?", disse a conselheira Márcia Monteira, representante dos proprietários de veículos. Ela defendeu o atual conselho como "órgão técnico" e desejou "lisura e transparência" aos próximos conselheiros. Eles ganhavam cerca de R$ 250 mensais por integrar o Cetran.
O representante da Polícia Militar, Julyver Araújo, disse ter dúvidas sobre a isenção do Cetran a partir da agora: ele disse deixar o cargo mantendo sua liberdade de convicção. "Não sei se o Cetran também mantém."
O representante do Departamento de Operação do Sistema Viário, Antônio Carlos Therezo de Mattos -autor do comunicado obtido pela Folha na última sexta- chegou por último à reunião, marcada para as 9h.

Ficar como está
Mattos é o único que acha que o rodízio deve ficar como está e atribuiu a destituição ao vazamento da informação sobre as votações à imprensa.
Enquanto Mattos atendia à reportagem, todos os outros conselheiros foram tomar café em uma sala anexa, onde funciona o gabinete do presidente.
Mattos saiu sem se despedir.


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