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Surpresos, conselheiros criticam decisão
Eles souberam que estavam destituídos do Cetran ao chegar à reunião; decisão foi unilateral, disse uma conselheira
Nenhum dos conselheiros, entretanto, disse ter intenção de contestar a destituição ou esperança de ser reconduzido à função
RICARDO SANGIOVANNI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Foi uma surpresa para quase
todos os conselheiros que chegaram para a reunião semanal
do Cetran: desde ontem, eles
não ocupavam mais a função.
Quase todos porque apenas um
sabia da destituição: o delegado
Renato Funicello, representante da Secretaria de Segurança
Pública e presidente do conselho.
Ele estava com o "Diário Oficial" do Estado, periódico em
que a decisão foi publicada, nas
mãos. "Não vai ter reunião. Não
tem mais conselho. Não sou
mais presidente", afirmou.
Entre os destituídos, a maioria, de forma velada ou aberta,
criticou a decisão do governo.
Nenhum dos conselheiros, entretanto, disse ter intenção de
contestar a destituição ou esperança de ser reconduzido.
"Esperava dele [governador
José Serra] o que se espera de
um democrata: que nos procurasse para conversar. Somos a
favor do rodízio, mas com sinalização. Foi uma decisão unilateral", disse Olga Salomão, a
mais exaltada. Ela representava os municípios com mais de
500 mil habitantes.
Indignação
Ainda que de modo discreto,
os comentários denunciavam
indignação. O clima era de um
certo ar de velório, com cochichos no canto da sala.
"Maravilha. Quem mandou
começar a atrapalhar?", disse a
conselheira Márcia Monteira,
representante dos proprietários de veículos. Ela defendeu o
atual conselho como "órgão
técnico" e desejou "lisura e
transparência" aos próximos
conselheiros. Eles ganhavam
cerca de R$ 250 mensais por integrar o Cetran.
O representante da Polícia
Militar, Julyver Araújo, disse
ter dúvidas sobre a isenção do
Cetran a partir da agora: ele
disse deixar o cargo mantendo
sua liberdade de convicção.
"Não sei se o Cetran também
mantém."
O representante do Departamento de Operação do Sistema
Viário, Antônio Carlos Therezo
de Mattos -autor do comunicado obtido pela Folha na última sexta- chegou por último à
reunião, marcada para as 9h.
Ficar como está
Mattos é o único que acha
que o rodízio deve ficar como
está e atribuiu a destituição ao
vazamento da informação sobre as votações à imprensa.
Enquanto Mattos atendia à
reportagem, todos os outros
conselheiros foram tomar café
em uma sala anexa, onde funciona o gabinete do presidente.
Mattos saiu sem se despedir.
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