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SAÚDE
Pesquisa da UFBA sobre álcool e pressão arterial mostrou que 3,9% dos entrevistados em Salvador bebem acima de limites saudáveis
Estudo mostra que baianos bebem pouco
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A UFBA (Universidade Federal
da Bahia) fez uma pesquisa com
2.119 moradores de Salvador para
saber qual o efeito do álcool nos
seus níveis de pressão arterial.
Chegou a um resultado inesperado: apenas 3,9% dos entrevistados bebiam acima de níveis que
podem elevar a pressão. Ou seja,
bebem mais que duas latinhas de
cerveja, duas taças de vinho ou
uma dose de destilado (uísque ou
vodka ou cachaça), por dia.
O resultado frustrou a pesquisa,
mas surpreendeu positivamente
ao mostrar que soteropolitanos
bebem pouco. Em Porto Alegre,
pesquisa semelhante chegou a
11%. "Nos países do Leste Europeu, passa de 40% o número de
pessoas que bebem além desses limites", disse a nefrologista Lucélia Magalhães, doutoranda em
saúde coletiva na UFBA.
A professora coordenou o lado
cardiovascular de um amplo estudo chefiado por Naomar de Almeida Filho, reitor da UFBA.
Com base em amostragem, a
pesquisa selecionou famílias de
todas as classes e bairros, sorteando um morador adulto.
A pesquisa mostrou que, apesar
de beber pouco, 27,8% dos moradores de Salvador sofrem de pressão alta, que só 30% deles sabem
disso e que só 10% se medicam.
O estudo foi apresentado no 20º
Congresso Mundial de Hipertensão que acontece em São Paulo.
"Do ponto de vista cardiovascular, não significa que o álcool deva
ser proibido em nossas vidas", diz
o nefrologista Artur Beltrame Ribeiro, presidente do comitê do
congresso, titular da Unifesp
(Universidade Federal de São
Paulo) e diretor-presidente do
Hospital do Rim e Hipertensão.
"Beber nessas medidas, ou abaixo delas, pode até trazer algum
benefício", diz Beltrame. "Mas é
preciso lembrar que mulher grávida não deve beber e que a bebida está ligada ao câncer do esôfago e do aparelho digestivo, além
de causar lesões no fígado.
Mas quem bebe e tem pressão
alta não deve deixar de se medicar. "Anti-hipertensivos não têm
contra indicação para o álcool",
diz a pesquisadora.
Um dos debates de hoje tratará
da "polipípula", uma mistura de
seis medicamentos que vem sendo experimentada na Inglaterra.
Pesquisadores associaram remédios para hipertensão, colesterol e
outras drogas empregadas por
pessoas acima de 50. Segundo
Beltrame, 30% das pessoas acima
de 55 anos retardaram o surgimento de doenças cardiovasculares em cerca de 11 anos. "Mas ainda há divergência sobre seu uso,
pois há pessoas que não precisam
de anti-hipertensivo, outras não
estão com colesterol alto."
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