São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

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SAÚDE

Pesquisa da UFBA sobre álcool e pressão arterial mostrou que 3,9% dos entrevistados em Salvador bebem acima de limites saudáveis

Estudo mostra que baianos bebem pouco

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A UFBA (Universidade Federal da Bahia) fez uma pesquisa com 2.119 moradores de Salvador para saber qual o efeito do álcool nos seus níveis de pressão arterial. Chegou a um resultado inesperado: apenas 3,9% dos entrevistados bebiam acima de níveis que podem elevar a pressão. Ou seja, bebem mais que duas latinhas de cerveja, duas taças de vinho ou uma dose de destilado (uísque ou vodka ou cachaça), por dia.
O resultado frustrou a pesquisa, mas surpreendeu positivamente ao mostrar que soteropolitanos bebem pouco. Em Porto Alegre, pesquisa semelhante chegou a 11%. "Nos países do Leste Europeu, passa de 40% o número de pessoas que bebem além desses limites", disse a nefrologista Lucélia Magalhães, doutoranda em saúde coletiva na UFBA.
A professora coordenou o lado cardiovascular de um amplo estudo chefiado por Naomar de Almeida Filho, reitor da UFBA.
Com base em amostragem, a pesquisa selecionou famílias de todas as classes e bairros, sorteando um morador adulto.
A pesquisa mostrou que, apesar de beber pouco, 27,8% dos moradores de Salvador sofrem de pressão alta, que só 30% deles sabem disso e que só 10% se medicam.
O estudo foi apresentado no 20º Congresso Mundial de Hipertensão que acontece em São Paulo.
"Do ponto de vista cardiovascular, não significa que o álcool deva ser proibido em nossas vidas", diz o nefrologista Artur Beltrame Ribeiro, presidente do comitê do congresso, titular da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e diretor-presidente do Hospital do Rim e Hipertensão.
"Beber nessas medidas, ou abaixo delas, pode até trazer algum benefício", diz Beltrame. "Mas é preciso lembrar que mulher grávida não deve beber e que a bebida está ligada ao câncer do esôfago e do aparelho digestivo, além de causar lesões no fígado.
Mas quem bebe e tem pressão alta não deve deixar de se medicar. "Anti-hipertensivos não têm contra indicação para o álcool", diz a pesquisadora.
Um dos debates de hoje tratará da "polipípula", uma mistura de seis medicamentos que vem sendo experimentada na Inglaterra. Pesquisadores associaram remédios para hipertensão, colesterol e outras drogas empregadas por pessoas acima de 50. Segundo Beltrame, 30% das pessoas acima de 55 anos retardaram o surgimento de doenças cardiovasculares em cerca de 11 anos. "Mas ainda há divergência sobre seu uso, pois há pessoas que não precisam de anti-hipertensivo, outras não estão com colesterol alto."


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