São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

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No Rio, polícia prende acusado de comandar ataque

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A polícia do Rio prendeu ontem o traficante Claudecy de Oliveira, 26, o Noquinha, um dos criminosos mais procurados do Estado. Segundo a PM (Polícia Militar), ele é o principal suspeito de ter ordenado o ataque a um microônibus da corporação, na noite de domingo, que deixou três PMs mortos e outros nove feridos. Em uma semana, sete policiais foram assassinados no Rio.
Ligado à facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos) e ex-chefe do tráfico no morro do Dendê (Ilha do Governador, zona norte), Noquinha foi preso no início da tarde em uma casa na favela Vila do Pinheiro, no complexo da Maré (zona norte). A polícia tinha informações de que ele se escondia ali havia pelo menos um mês.
O traficante negou participação na ação. Quatro dos PMs feridos permanecem internados. Segundo o comandante do 22º Batalhão (complexo da Maré), tenente-coronel Álvaro Garcia, o ataque foi realizado a mando de Noquinha por traficantes do morro da Lagartixa, em Costa Barros (zona norte), dominado pela ADA.
O secretário estadual de Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho, disse acreditar que a ação foi premeditada e que os traficantes prepararam uma emboscada para os policiais.
Segundo ele, uma perícia indica que balas atingiram o teto do ônibus, o que indicaria que os traficantes esperavam a passagem do veículo em uma passarela.
Garotinho informou que a polícia também investiga se o traficante Alberico de Medeiros, o Derico, pode ter sido o autor da ação. Ele é vinculado ao TCP (Terceiro Comando Puro), rival da ADA.
O microônibus atacado trazia cerca de 20 PMs que atuaram na segurança do Maracanã na partida entre Flamengo e Vasco. O veículo foi alvejado quando passava pela avenida Brasil, altura de Irajá (zona norte).
Segundo a Polícia Civil, depoimentos de policiais presentes no ônibus indicam que o ataque foi praticado por homens armados em pelo menos dois carros. Os PMs não reagiram. O motorista do ônibus foi baleado na perna mas pôde levar o veículo até a um posto policial, onde os feridos receberam os primeiros socorros.
Os PMs mortos, todos sargentos, foram identificados como Erivelte de Souza Oliveira, 39, Josemar Ramalho, 38, e Roberto Lúcio Santana, 39. O sargento Paulo Francisco Reis, baleado no tórax, está internado em estado grave no hospital da corporação.
Por ordem de Garotinho, 370 policiais ocuparam cinco favelas dominadas pela ADA e TCP para procurar suspeitos.
Em menos de um ano, este foi o segundo microônibus da PM a ser atacado por traficantes no Rio.


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