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COMENTÁRIO
A ideia da Porto da Pedra de unir moda e samba é boa, mas não deu liga
DANUZA LEÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Tudo começou na pré-história, passando pelo Egito, Grécia,
Idade Média, o bizâncio, o gótico, Maria Antonieta, Napoleão,
Versailles, Naomi Campbell, St.
Laurent, ufa! Misturados a tudo
isso, os destaques, cobertos de
cristais e plumas.
A criatividade dos carnavalescos, que não tem limites, se esbaldou nas dezenas de alas, e no
final ficou tudo igual, como nos
Fashion Weeks da vida: muito
agito, muita pose para os fotógrafos, depois ninguém lembra
de nada que viu.
Um exército de garçons circulava levando imensas bandejas
de sushi para os camarotes; um
perigo mortal, peixe cru, com o
calor que fazia, mas nossas autoridades sanitárias não estavam nem aí, só preocupadas
com os banheiros químicos,
musa do carnaval 2010.
Se alguém, numa emergência,
usasse um canteiro para satisfazer suas necessidades mais urgentes, cadeia nele, como se fosse um mero governador.
Não se sabe de quem foi a decisão de não chamar as deusas
do mundo fashion para desfilar,
se do povo da moda, ou o da escola. Sábia decisão: nenhuma
teria peito -em todos os sentidos- para sair ao lado de Valeska Popozuda, com a exuberância que Deus lhe deu, e modelo
não tem cara de saber sambar.
Marilia Pera foi de Chanel,
vestida com as roupas das vitrines da maison da avenue Montaigne no ultimo janeiro.
Medonhas, aliás: as vitrines e
as roupas. Uma alegoria homenageou estilistas do passado,
Dener e Markito foram lembrados. Um cercadinho levava os
mais famosos costureiros da
atualidade; como ninguém sabia quem era um e quem era outro, passaram batido, mas todos
pareciam estar a-do-ran-do.
Os modetes deverão certamente retribuir a gentileza
da homenagem, e convidar
os grandes nomes da Porto da
Pedra para abrilhantar seus
próximos lançamentos, quem
sabe até desfilar. E Lenny
Niemeyer, a famosa anfitriã do
quesito, não vai deixar de recebê-los para uma coupe de
champagne em nome da comunidade da moda.
P.S. Duas grandes alegrias
nesse desfile: a primeira, que
existe vida útil para mulheres
acima de 70 kg. A segunda, que
felicidade é ver as escolas de
samba sem estar no camarote
das celebridades.
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